quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Insuficiência cardíaca

Insuficiência cardíaca


A insuficiência cardíaca (insuficiência cardíaca congestiva) é uma doença grave em que a quantidade de sangue que o coração bombeia por minuto (débito cardíaco) é insuficiente para satisfazer as necessidades de oxigénio e de nutrientes do organismo.

Termo «insuficiência cardíaca» não significa que o coração tenha parado, como algumas pessoas pensam; significa, isso sim, a redução da capacidade do coração para manter um rendimento eficaz. A insuficiência cardíaca tem muitas causas, entre as quais há um certo número de doenças; é muito mais frequente nas pessoas mais velhas, dado que têm uma maior possibilidade de contrair as doenças que a causam. Apesar de ser um processo que vai piorando lentamente com a passagem do tempo, as pessoas que sofrem desta perturbação podem viver muitos anos. No entanto, 70 % dos doentes com esta afecção morrem antes de passados 10 anos a partir do diagnóstico.


Causas

Qualquer doença que afecte o coração e interfira na circulação pode causar insuficiência cardíaca. 

Determinadas doenças podem actuar selectivamente afectando o músculo cardíaco, deteriorando a sua capacidade de contracção e de bombeamento. A mais frequente delas é a doença das artérias coronárias, que limita o fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco e que pode ser causa de enfarte. A miocardite (uma infecção do músculo cardíaco provocada por bactérias, vírus ou outros microrganismos) provoca também lesões graves no músculo cardíaco, assim como a diabetes, o hipertiroidismo ou a obesidade extrema. Uma doença de uma válvula cardíaca pode obstruir o fluxo de sangue entre as cavidades do coração ou entre o coração e as artérias principais. Por outro lado, uma válvula que não feche bem e deixe escapar sangue pode provocar um refluxo do mesmo. Estas situações provocam a sobrecarga do músculo cardíaco e, em consequência, debilitam a força das contracções cardíacas. Outras doenças afectam principalmente o sistema de condução eléctrica do coração e provocam frequências cardíacas lentas, rápidas ou irregulares, que impedem um bombeamento adequado do sangue.

Se o coração se vir submetido a um grande esforço durante meses ou anos, dilata-se, tal como acontece com os bíceps, depois de vários meses de exercício. Em princípio, este aumento de tamanho é acompanhado de contracções mais fortes, mas um coração que aumentou o seu volume pode finalmente diminuir a sua capacidade de bombeamento e provocar insuficiência cardíaca. A pressão arterial elevada (hipertensão) pode também obrigar o coração a trabalhar com mais força. Isso acontece também quando tiver de lutar para expulsar o sangue através de um orifício mais estreito, geralmente uma válvula aórtica estreita. A situação que daí resulta é semelhante à carga extraordinária que uma bomba de água suporta quando é forçada a empurrar a água através de tubagens estreitas.

Em algumas pessoas o pericárdio (o invólucro fino e transparente do coração) endurece. Isso impede que o coração se possa dilatar por completo entre os batimentos, tornando o seu enchimento insuficiente.

Embora com uma frequência muito menor, pode também acontecer que determinadas doenças que afectem outras partes do corpo aumentem exageradamente a necessidade de oxigénio e de nutrientes por parte do organismo, de tal modo que o coração, embora esteja normal, seja incapaz de satisfazer esta procura superior. O resultado é o aparecimento de insuficiência cardíaca.

As causas da insuficiência cardíaca variam com as diferentes regiões do mundo, devido às diferentes doenças que se desenvolvem em cada país. Por exemplo, nos países tropicais há certos parasitas que podem alojar-se no músculo cardíaco; este facto provoca insuficiência cardíaca em idades muito mais jovens do que nos países desenvolvidos.



Mecanismos de compensação


O organismo possui um certo número de mecanismos de resposta para compensar a insuficiência cardíaca. O mecanismo de resposta de emergência inicial (em minutos ou horas) é o «estado excitatório prévio à acção» provocado pela libertação de adrenalina e de noradrenalina das glândulas supra-renais para a circulação sanguínea; a noradrenalina é também libertada pelos nervos. A adrenalina e a noradrenalina são as defesas principais contra qualquer stress repentino. Na insuficiência cardíaca compensada, fazem com que o coração trabalhe com mais força, ajudando-o a aumentar o seu volume-minuto e a compensar, em certa medida, o problema do bombeamento. O volume-minuto pode voltar ao seu nível normal, embora geralmente à custa de um aumento da frequência cardíaca e de um batimento cardíaco mais enérgico.

Estas respostas são benéficas para um doente sem qualquer doença do coração que tem necessidade de aumentar a curto prazo a função cardíaca. Mas no caso de uma pessoa com insuficiência cardíaca crónica, estas respostas provocam uma exigência constante num sistema cardiovascular que já está gravemente danificado. A longo prazo, estas procuras crescentes deterioram o funcionamento cardíaco.

Outro mecanismo correctivo adicional consiste na retenção de sal (sódio) pelos rins e, como consequência, retém-se também água para manter constante a concentração de sódio no sangue. Esta quantidade adicional de água aumenta o volume de sangue na circulação e, em princípio, melhora o rendimento cardíaco. Uma das principais consequências da retenção de líquidos é uma distensão do músculo cardíaco provocada por um maior volume de sangue. Este músculo submetido a uma maior tensão contrai-se mais energicamente, tal como o fazem os músculos de um atleta antes do exercício. Este é um dos principais mecanismos de que o coração dispõe para aumentar a sua função na insuficiência cardíaca.

No entanto, à medida que esta se agrava, o excesso de líquido escapa-se da circulação e acumula-se em vários pontos do corpo, causando inchaço (edema). O local da acumulação depende do excesso de líquido e do efeito da gravidade.

Em pé, o líquido acumula-se nas pernas e nos pés. Se a pessoa estiver deitada, acumula-se nas costas ou no abdómen. É habitual que a retenção de sódio e de água leve a um aumento de peso.

O outro mecanismo principal de compensação é o aumento da espessura do músculo cardíaco (hipertrofia). 
O músculo cardíaco assim dilatado pode contrair-se com uma força maior, mas acaba por funcionar mal e a insuficiência cardíaca agrava-se.

Sintomas


As pessoas com uma insuficiência cardíaca descompensada sentem-se cansadas e débeis quando levam a cabo alguma actividade física, porque os músculos não recebem um volume adequado de sangue. Por outro lado, o inchaço pode também causar muitos sintomas. Para além da influência da gravidade, a localização e os efeitos do edema dependem também do lado do coração que esteja mais afectado.

Apesar de uma doença de um só lado do coração causar sempre uma insuficiência cardíaca de ambos os lados, predominam muitas vezes os sintomas de um ou de outro lado.

A insuficiência cardíaca direita tende a produzir uma paragem do sangue que se dirige para o lado direito do coração. Isto produz inchaço nos pés, nos tornozelos, nas pernas, no fígado e no abdómen. Por outro lado, a insuficiência do lado esquerdo provoca a acumulação de líquido nos pulmões (edema pulmonar), o que provoca uma dispneia intensa. No princípio, esta verifica-se durante um esforço físico, mas à medida que a doença progride, aparece também mesmo em repouso. Por vezes, a dispneia é nocturna, dado que o facto de estar deitado favorece o deslocamento do líquido para o interior dos pulmões.

A pessoa acorda muitas vezes com dificuldade em respirar ou com sibilos. O facto de se sentar faz com que o líquido saia dos pulmões e facilite assim a respiração. As pessoas com insuficiência cardíaca têm por vezes de dormir sentadas para evitar este efeito. Uma grave acumulação de líquidos (edema pulmonar agudo) constitui uma situação urgente que pode ser mortal.


Diagnóstico


Geralmente, os sintomas costumam ser suficientes para estabelecer o diagnóstico de insuficiência cardíaca. Os sintomas seguintes confirmam o diagnóstico inicial: um pulso fraco e muitas vezes rápido, uma pressão arterial baixa, certas anomalias nos ruídos cardíacos, um aumento do tamanho do coração, veias do pescoço dilatadas, líquido nos pulmões, um fígado aumentado, um rápido aumento de peso e edema no abdómen ou nas pernas.

Uma radiografia do tórax pode mostrar a dilatação do coração e a acumulação de líquido nos pulmões.

Muitas vezes, o funcionamento do coração é avaliado através de exames adicionais, como um ecocardiograma, que utiliza ultra-sons para fornecer uma imagem do coração e um electrocardiograma, que examina a sua actividade eléctrica.  Podem ser efectuados outros exames para determinar a causa subjacente da insuficiência cardíaca.


Tratamento


Não existe um tratamento curativo na maioria dos casos, mas pode facilitar-se a actividade física, melhorar a qualidade de vida e prolongar a sobrevivência. O tratamento aborda-se a partir de três ângulos: o tratamento da causa subjacente, a eliminação dos factores que contribuem para agravar a insuficiência cardíaca e o próprio tratamento desta.
Edema maleolar
A pressão com o dedo deixa um sinal em forma de cova.


Tratamento da causa subjacente

Através de uma intervenção cirúrgica pode corrigir-se uma válvula cardíaca estreita ou com insuficiência, uma comunicação anómala entre as cavidades cardíacas ou uma obstrução das artérias coronárias, tudo o que pode conduzir ao desenvolvimento de uma insuficiência cardíaca. Por vezes, pode eliminar-se a causa por completo sem necessidade de recorrer à cirurgia. Por exemplo, a administração de antibióticos pode curar uma infecção. Os fármacos, a cirurgia ou a radioterapia são eficazes para tratar o hipertiroidismo. De modo semelhante, os fármacos reduzem e controlam a hipertensão arterial.


Eliminação dos factores contributivos

Os factores que agravam a insuficiência cardíaca são o hábito de fumar e de comer com demasiado sal, o excesso de peso e o consumo de álcool, assim como as temperaturas ambientais extremas. Recomenda-se um programa para ajudar a deixar de fumar, efectuar mudanças apropriadas na dieta, interromper o consumo de álcool ou fazer exercícios moderados e de forma regular para melhorar o estado físico. No caso de insuficiência cardíaca mais grave, o repouso durante alguns dias constitui uma parte importante do tratamento.

O excesso de sal na dieta (sódio) pode causar uma retenção de líquidos que torne ineficaz o tratamento médico. A quantidade de sódio no organismo diminui se se limitar o sal na mesa, na cocção dos alimentos e o consumo de alimentos salgados. As pessoas com problemas graves de insuficiência cardíaca podem tomar conhecimento do conteúdo de sal dos alimentos embalados lendo atentamente os rótulos.

Um modo simples e seguro para saber se se retêm líquidos é controlar o peso diariamente. As flutuações de mais de um quilograma por dia devem-se, quase com total segurança, à retenção de líquidos. Um aumento de peso consistente e rápido (1 kg por dia) é um sinal de que a insuficiência cardíaca se está a agravar. Por isso, os doentes com insuficiência cardíaca devem controlar o seu peso minuciosamente todos os dias, fundamentalmente ao levantar-se pela manhã, depois de urinar e antes de tomar o pequeno-almoço. As variações são mais fáceis de observar quando se usa sempre a mesma balança e roupa semelhante e se toma nota do peso diariamente num bloco.


Tratamento da insuficiência cardíaca


O melhor tratamento da insuficiência cardíaca é a prevenção ou o controlo da causa subjacente. Mas, mesmo que isso não seja possível, os avanços constantes no tratamento melhoram a qualidade de vida e prolongam-na.
Insuficiência cardíaca crónica: quando a restrição de sal só por si não reduz a retenção de líquidos, administram-se fármacos diuréticos para aumentar a produção de urina e extrair o sódio e a água do organismo através dos rins.

A redução de líquidos reduz o volume de sangue que chega ao coração e, em consequência, diminui o esforço que este deve efectuar. Habitualmente, os diuréticos ingerem-se por via oral quando se faz um tratamento a longo prazo, mas em caso de urgência são muito eficazes por via endovenosa. Dado que alguns diuréticos provocam uma perda indesejável de potássio, pode também administrar-se um suplemento de potássio ou um diurético que não elimine potássio.

A digoxina aumenta a potência de cada batimento cardíaco e reduz a frequência cardíaca, quando esta é demasiado rápida. As irregularidades do ritmo do coração (arritmias), nas quais os batimentos são demasiado rápidos, demasiado lentos ou irregulares, tratam-se com fármacos ou com um pacemaker artificial. Por outro lado, é frequente a administração de fármacos vasodilatadores que dilatam os vasos sanguíneos, quer sejam as artérias, as veias ou ambas simultaneamente. Os vasodilatadores arteriais dilatam as artérias e reduzem a tensão arterial, o que, por sua vez, reduz o trabalho do coração. Os venodilatadores dilatam as veias e proporcionam mais espaço para o sangue que se acumulou e é incapaz de entrar no lado direito do coração. Este espaço acessório alivia a congestão e diminui a carga sobre o coração. Os vasodilatadores mais utilizados são os inibidores da ECA (enzima conversor da angiotensina). Estes fármacos não só melhoram os sintomas, como também prolongam a vida. Os ECA dilatam tanto as artérias como as veias, enquanto muitos dos fármacos mais antigos dilatam umas e outras em grau diferente. Por exemplo, a nitroglicerina dilata as veias, enquanto a hidralazina dilata as artérias.

As cavidades cardíacas dilatadas e com uma escassa contracção podem favorecer a formação de coágulos sanguíneos no seu interior. O maior perigo reside no desprendimento desses coágulos que, ao passarem para a circulação, podem causar lesões graves noutros órgãos vitais, como o cérebro, e produzir um icto.

Os fármacos anticoagulantes são importantes porque previnem a formação de coágulos nas cavidades cardíacas.

Procede-se à investigação de novos fármacos. Tal como os inibidores da ECA, a milrinona e a amrinona dilatam tanto as artérias como as veias; tal como a digoxina, aumentam também a força contráctil do coração. Estes novos fármacos só se utilizam durante breves períodos em doentes que são estritamente controlados no hospital, dado que podem causar perigosas irregularidades do ritmo cardíaco.

O transplante de coração é indicado em alguns casos de insuficiência cardíaca grave que não respondem suficientemente ao tratamento farmacológico. Os corações artificiais temporários, parciais ou completos, estão ainda numa fase experimental e está a trabalhar-se intensamente nos problemas da eficácia, infecções e coágulos sanguíneos.

A miocardioplastia é uma operação experimental em que se extrai um músculo longo das costas que se enrola à volta do coração e que se estimula por um pacemaker artificial para provocar contracções rítmicas. Trata-se da operação experimental mais recente, e revela-se prometedora em doentes muito concretos que sofrem de insuficiência cardíaca grave (isto é, o músculo cardíaco, muito debilitado, deixou de funcionar como tal).

Insuficiência cardíaca aguda:

 Quando se verifica uma acumulação repentina de líquido nos pulmões (edema agudo do pulmão), a respiração é muito difícil, pelo que se administram altas concentrações de oxigénio mediante uma máscara.

A administração de diuréticos endovenosos e de fármacos como a digoxina podem produzir uma melhoria rápida e espectacular.

A nitroglicerina por via endovenosa ou colocada debaixo da língua (sublingual) dilata as veias e, como consequência, reduz o volume de sangue que atravessa os pulmões. Quando estas medidas não surtem efeito, insere-se um tubo nas vias respiratórias de modo que a respiração possa ser ajudada com um ventilador mecânico. Em ocasiões raras, podem aplicar-se torniquetes em três dos quatro membros para reter temporariamente o sangue neles e reduzir o volume de sangue que volta ao coração; estes torniquetes devem ser trocados entre os membros num período de entre 10 e 20 minutos, para evitar lesões nas extremidades.
 

A administração de morfina alivia a ansiedade que geralmente acompanha o edema pulmonar agudo, pois diminui a velocidade da respiração, reduz a frequência cardíaca e, portanto, diminui a sobrecarga do coração. Os fármacos semelhantes à adrenalina e à noradrenalina (como a dopamina e a dobutamina) utilizam-se para estimular as contracções cardíacas em doentes que estão hospitalizados e que necessitam de uma rápida melhoria. No entanto, se a estimulação por parte do sistema interno de emergência do próprio organismo é demasiado grande, utilizam-se por vezes fármacos que têm a acção oposta (betabloqueadores).A miocardiopatia é uma perturbação progressiva que altera a estrutura ou prejudica o funcionamento da parede muscular das cavidades inferiores do coração (ventrículos).

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

INTRODUÇÃO

A esplenomegalia, também denominada megalosplenia, consiste no aumento do volume do baço (que em grego chama-se splenikós, em latim splenicu), que normalmente pesa 150 g e tem até 11 cm de comprimento em seu maior eixo. A esplenomegalia pode ser causada por diversos motivos.

Principais causas de esplenomegalia

Hipertrofia do baço por estímulo a resposta imune devido à infecção, como na endocardite bacteriana subaguda ou na mononucleose

Hipertrofia por aumento na destruição de eritrócitos como na esferocitose hereditária ou talassemia maior

Doença mieloproliferativa

Doença infiltrativa, como a sarcoidose e alguns tipos de câncer

Cânceres como linfoma e leucemia linfocítica crônica

Aumento na pressão venosa, como na cirrose, na esquistossomose, no câncer de pâncreas (que pode levar a trombose da veia esplênica) e na insuficiência cardíaca congestiva

Doenças de depósito, como a doença de Gaucher e a amiloidose

A esplenomegalia normalmente é diagnosticada no exame físico, através de palpação ou percussão, ou através de ultra-sonografia (ecografia). Deve-se diferenciar a esplenomegalia da presença de baço acessório, uma variação anatômica que ocorre em 10 a 30% da população normal e não tem qualquer significado patológico.

Nesse texto, abordaremos apenas o hiperesplenismo relacionado à doenças do fígado, especificamente o causado pela hipertensão portal.

HIPERESPLENISMO

O baço é um órgão "esponjoso", repleto de vasos sanguíneos, pois é responsável pela produção, armazenamento, controle ("de qualidade") e destruição de células do sangue. Com o aumento da resistência à passagem do sangue através do fígado (pela cirrose, esquistossomose e outras condições), aumenta a pressão sangüínea dentro do sistema porta hepático (hipertensão portal).


Devido à sua característica esponjosa, o aumento na pressão da veia esplênica faz com que o baço "inche". Com isso, o baço "sequestra" e acaba destruindo em um ritmo acelerado todos os tipos de células sangüíneas, levando à condição denominada "hiperesplenismo".


Secção transversa do baço, mostrando a distribuição da artéria esplênica e seus ramos.
No hiperesplenismo, a anemia (redução das células vermelhas - eritrócitos), a leucopenia (redução nos glóbulos brancos - leucócitos) e a plaquetopenia (redução nas plaquetas) podem estar todas presentes, ou não. Geralmente observa-se uma redução mais acentuada nas plaquetas do que nas demais, mas em parte a plaquetopenia também ocorre por outras condições associadas a hipertensão portal (coagulação intravascular disseminada), destruição por mecanismo imunológico (observada na hepatite C, por exemplo) e por deficiência de ácido fólico.

TRATAMENTO

Geralmente, não é necessário qualquer tratamento específico na esplenomegalia devido a hipertensão portal. A esplenomegalia dificilmente é dolorosa, a não ser em casos agudos, ou severa como em outras condições como a Doença de Gaucher. O hiperesplenismo geralmente não é tão intenso a ponto de causar sintomas, mas pode ser preocupante em algumas situações, como na plaquetopenia e leucopenia severas causadas pela associação de hiperesplenismo e interferon para o tratamento da hepatite C, por exemplo. Mesmo nessas situações, é mais recomendado reduzir a medicação do que tratar a esplenomegalia.

Na hipertensão porta causada pela esquistossomose mansônica ou em casos (muito selecionados) de cirrose hepática (com predomínio de hipertensão portal, boa função hepática, sem previsão de necessidade de transplante nos próximos 3 anos e com hemorragias digestivas por varizes esofágicas de difícil controle), uma opção de tratamento é a realização de um shunt ("desvio") da veia porta para a veia cava, sendo que uma das técnicas cirúrgicas mais utilizadas é a cirurgia de Warren (derivação espleno-renal distal com esplenectomia).


Retirada do baço (esplenectomia) por via laparoscópica (Brown Medical School)

Em situações onde for recomendada a retirada do baço, o mesmo pode ser retirado cirurgicamente com baixo risco (exceto em portadores de doenças graves) por laparotomia (onde é feito uma incisão única maior) ou por laparoscopia (onde são realizados pequenos orifícios e a cirurgia é feita com o auxílio de câmera).

CUIDADOS PÓS ESPLENECTOMIA

Após a retirada do baço, no entanto, alguns cuidados devem ser tomados. A capacidade de defesa do organismo para alguns tipos de microorganismos estará reduzida, com risco de infecções sérias (principalmente por pneumococos, meningococos e H influenzae) até que o organismo consiga recuperar adequadamente o sistema imunológico. Assim, recomenda-se a aplicação (entre 2 semanas antes e 2 semanas após a cirurgia) de vacina polivalente contra pneumococos e vacina conjugada para H influenzae tipo B e meningococo tipo C. A vacina para pneumococos deve ser repetida a cada 5 anos (ou em intervalos menores em portadores de anemia falciforme ou doenças linfoproliferativas).
A infecção grave por pneumococos (acima, em microscopia eletrônica) é uma das principais preocupações após a esplenectomia.
Para reduzir o risco de infecções, também recomenda-se o uso contínuo de antibióticos em baixas doses (por toda a vida). Como a aderência ao tratamento geralmente é baixa, uma opção, apesar de não ideal, utilizada na prática é a aplicação de penicilina benzatina a cada 3 semanas.

HIPERESPLENISMO

Esplenomegalia, Hiperesplenismo e Esplenectomia

INTRODUÇÃO

   A esplenomegalia, também denominada megalosplenia, consiste no aumento do volume do baço (que em grego chama-se splenikós, em latim splenicu), que normalmente pesa 150 g e tem até 11 cm de comprimento em seu maior eixo. A esplenomegalia pode ser causada por diversos motivos.


 


Principais causas de esplenomegalia
Hipertrofia do baço por estímulo a resposta imune devido à infecção, como na endocardite bacteriana subaguda ou na mononucleose
Hipertrofia por aumento na destruição de eritrócitos como na esferocitose hereditária ou talassemia maior
Doença mieloproliferativa
Doença infiltrativa, como a sarcoidose e alguns tipos de câncer
Cânceres como linfoma e leucemia linfocítica crônica
Aumento na pressão venosa, como na cirrose, na esquistossomose, no câncer de pâncreas (que pode levar a trombose da veia esplênica) e na insuficiência cardíaca congestiva
Doenças de depósito, como a doença de Gaucher e a amiloidose
  
 A esplenomegalia normalmente é diagnosticada no exame físico, através de palpação ou percussão, ou através de ultra-sonografia (ecografia). Deve-se diferenciar a esplenomegalia da presença de baço acessório, uma variação anatômica que ocorre em 10 a 30% da população normal e não tem qualquer significado patológico.
   Nesse texto, abordaremos apenas o hiperesplenismo relacionado à doenças do fígado, especificamente o causado pela hipertensão portal.


HIPERESPLENISMO

   O baço é um órgão "esponjoso", repleto de vasos sanguíneos, pois é responsável pela produção, armazenamento, controle ("de qualidade") e destruição de células do sangue. Com o aumento da resistência à passagem do sangue através do fígado (pela cirrose, esquistossomose e outras condições), aumenta a pressão sangüínea dentro do sistema porta hepático (hipertensão portal).


   
Devido à sua característica esponjosa, o aumento na pressão da veia esplênica faz com que o baço "inche". Com isso, o baço "sequestra" e acaba destruindo em um ritmo acelerado todos os tipos de células sangüíneas, levando à condição denominada "hiperesplenismo".

Secção transversa do baço, mostrando a distribuição da artéria esplênica e seus ramos.
   No hiperesplenismo, a anemia (redução das células vermelhas - eritrócitos), a leucopenia (redução nos glóbulos brancos - leucócitos) e a plaquetopenia (redução nas plaquetas) podem estar todas presentes, ou não. Geralmente observa-se uma redução mais acentuada nas plaquetas do que nas demais, mas em parte a plaquetopenia também ocorre por outras condições associadas a hipertensão portal (coagulação intravascular disseminada), destruição por mecanismo imunológico (observada na hepatite C, por exemplo) e por deficiência de ácido fólico.


TRATAMENTO

   Geralmente, não é necessário qualquer tratamento específico na esplenomegalia devido a hipertensão portal. A esplenomegalia dificilmente é dolorosa, a não ser em casos agudos, ou severa como em outras condições como a Doença de Gaucher. O hiperesplenismo geralmente não é tão intenso a ponto de causar sintomas, mas pode ser preocupante em algumas situações, como na plaquetopenia e leucopenia severas causadas pela associação de hiperesplenismo e interferon para o tratamento da hepatite C, por exemplo. Mesmo nessas situações, é mais recomendado reduzir a medicação do que tratar a esplenomegalia.
   Na hipertensão porta causada pela esquistossomose mansônica ou em casos (muito selecionados) de cirrose hepática (com predomínio de hipertensão portal, boa função hepática, sem previsão de necessidade de transplante nos próximos 3 anos e com hemorragias digestivas por varizes esofágicas de difícil controle), uma opção de tratamento é a realização de um shunt ("desvio") da veia porta para a veia cava, sendo que uma das técnicas cirúrgicas mais utilizadas é a cirurgia de Warren (derivação espleno-renal distal com esplenectomia).



   Em situações onde for recomendada a retirada do baço, o mesmo pode ser retirado cirurgicamente com baixo risco (exceto em portadores de doenças graves) por laparotomia (onde é feito uma incisão única maior) ou por laparoscopia (onde são realizados pequenos orifícios e a cirurgia é feita com o auxílio de câmera).
 
CUIDADOS PÓS ESPLENECTOMIA

   Após a retirada do baço, no entanto, alguns cuidados devem ser tomados. A capacidade de defesa do organismo para alguns tipos de microorganismos estará reduzida, com risco de infecções sérias (principalmente por pneumococos, meningococos e H influenzae) até que o organismo consiga recuperar adequadamente o sistema imunológico. Assim, recomenda-se a aplicação (entre 2 semanas antes e 2 semanas após a cirurgia) de vacina polivalente contra pneumococos e vacina conjugada para H influenzae tipo B e meningococo tipo C. A vacina para pneumococos deve ser repetida a cada 5 anos (ou em intervalos menores em portadores de anemia falciforme ou doenças linfoproliferativas).


A infecção grave por pneumococos (acima, em microscopia eletrônica) é uma das principais preocupações após a esplenectomia.
   Para reduzir o risco de infecções, também recomenda-se o uso contínuo de antibióticos em baixas doses (por toda a vida). Como a aderência ao tratamento geralmente é baixa, uma opção, apesar de não ideal, utilizada na prática é a aplicação de penicilina benzatina a cada 3 semanas.

domingo, 2 de novembro de 2014

fracturas do colo do femur

sexta-feira, 31 de outubro de 2014



OSSOS DO MEMBRO INFERIOR





O membro inferior tem função de sustentação do peso corporal, locomoção, tem a capacidade de mover-se de um lugar para outro e manter o equilíbrio. Os membros inferiores são conectados ao tronco pelo cíngulo do membro inferior (ossos do quadril e sacro).

A base do esqueleto do membro inferior é formado pelos dois ossos do quadril, que são unidos pela sínfise púbica e pelo sacro. O cíngulo do membro inferior e o sacro juntos formam a PELVE ÓSSEA.

Os ossos dos membros inferiores podem ser divididos em quatro segmentos:

       Cintura Pélvica - Ilíaco (Osso do Quadril)

       Coxa - Fêmur e Patela

       Perna - Tíbia e Fíbula

        - Ossos do Pé



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O que é o quadril e o colo do fêmur?

Antes de falarmos propriamente da fratura do colo do fêmur, é essencial perdermos algumas linhas explicando a anatomia do fêmur e do quadril. Acompanhe a ilustração abaixo para facilitar o entendimento.
O fêmur é o maior, mais volumoso e mais forte osso do nosso corpo. Ele fica localizado na região da coxa, ligando-se ao joelho na extremidade inferior e à pelve na extremidade superior. Nesta extremidade superior, o fêmur apresenta uma projeção óssea, dividida em 3 partes: cabeça do fêmur, pescoço do fêmur (também chamada colo do fêmur) e trocante maior.
A cabeça do fêmur tem um formato de esfera e se encaixa perfeitamente no osso da pelve, em um local chamado acetábulo. Esta região, composta pela parte lateral do osso da pelve e pela extremidade superior do fêmur, é chamada de quadril ou anca. A junção do cabeça do fêmur com o acetábulo é chamada de articulação do quadril.
Anatomia do quadril

Fratura do colo do fêmur

Apesar de ser um osso bastante forte, a região do colo do fêmur é bastante susceptível a fraturas, principalmente em mulheres idosas com osteoporose.  Traumatismos da região do quadril provocados por queda são a principal causa de fratura do colo do fêmur.
Ao contrário das fraturas de outros ossos, que ocorrem por traumas nas pessoas mais jovens, a fratura do quadril é um quadro bem mais grave e complicado. Não basta imobilizar o osso para curar uma fratura do colo do fêmur. O tratamento deve ser feito através de cirurgia, com colocação de placas, parafusos ou próteses metálicas, e a recuperação completa é bem lenta, podendo durar vários meses. Muitos pacientes não conseguem voltar a andar e tornam-se dependentes de ajuda para executar suas atividades comuns de vida. Como essa lesão corre habitualmente em pacientes idosos e já com algumas doenças associadas, a taxa de complicações graves a curto e médio prazo é alta, fazendo com que a mortalidade durante o intervalo de 1 ano após fratura chegue a 20%.

Fatores de risco para fratura do colo do fêmur

As fraturas do colo do fêmur ocorrem habitualmente quando dois fatores agem em conjunto: traumatismo da região do quadril (na maioria dos casos por conta de quedas da própria altura) e ossos fracos.
Por isso, como já referido, os idosos são o principal grupo de risco, pois além de terem uma maior taxa de osteoporose, a incidência de quedas é muito maior nesta faixa etária.
Qualquer fator que contribua para enfraquecimentos dos ossos ou para um maior risco de quedas pode ser considerado um fator de risco para fratura do quadril, principalmente se eles estiverem presentes em pessoas mais idosas. Alguns exemplos são:
– Uso crônico de medicamentos que enfraquecem os ossos, tais como: glicocorticoides, heparina, varfarina, fenitoína, metotrexate e vários outros que favorecem o aparecimento da osteoporose.
– Uso de drogas que causam sonolência, que baixam a pressão arterial ou que diminuam os reflexos, pois aumentam o risco de quedas.
– Sedentarismo, pois a falta de atividades deixa os ossos e a musculatura mais fracos.
– Deficiência de vitamina D, pois a falta desta vitamina esta relacionada a ocorrência de ossos mais fracos (leia: DEFICIÊNCIA DE VITAMINA D).
– Menopausa, também relacionado à perda de massa óssea (leia: SINTOMAS DA MENOPAUSA).
– Mieloma múltiplo, por ser uma doença que ataca os ossos e facilita a ocorrência de fraturas (leia: MIELOMA MÚLTIPLO).
– Tabagismo e alcoolismo, pois estão associados à perda de massa óssea.
Quanto mais fraco for o osso, menor será o impacto necessário para que ocorra uma fratura. Muitas vezes, o osso está tão enfraquecido que uma simples torção da região do quadril pode ser suficiência para parti-lo.
Em pessoas jovens e saudáveis, a fratura do colo do fêmur só ocorre em caso de grandes impactos na região do quadril, como nos casos de acidentes automobilísticos.

Tipos de fratura do quadril

As fraturas do quadril costumam ocorrer na região do colo do fêmur, porém, há outros pontos do osso fêmur que também podem partir. Saber qual é o tipo de fratura do quadril que o paciente sofreu é importante, pois o tratamento e a incidência de complicações variam de acordo com o sitio anatômico fraturado.
fratura do colo do fêmur
As fraturas do colo e da cabeça do fêmur são chamadas de fraturas intracapsulares. As fraturas que ocorrem abaixo do colo do fêmur são chamadas de fraturas extracapsulares.
As fraturas intracapsulares costumam ter maiores taxas de complicações, pois a região do colo e da cabeça do fêmur são naturalmente mais mal vascularizadas. Quando ocorre uma fratura nesta região, há grande risco de interrupção do fluxo sanguíneo, dificultando não só a cicatrização do osso, mas também aumentando o risco de necrose ou alterações degenerativas da cabeça do fêmur.
Nas fraturas extracapsulares a principal complicação é hemorragia, pois essa região do osso é bastante vascularizada.

Sintomas da fratura do colo do fêmur

RX fratura colo do fêmur Nos idosos, quedas simples, aparentemente sem maiores danos, podem ser suficientes para partir o colo do fêmur. O paciente cai e passa apresentar intensa dor na região do quadril e da coxa, associada a incapacidade de mobilizar a perna. Se a fratura for completa e partir o osso em duas partes, o membro inferior acometido passa a ter menor comprimento que o membro sadio. A perna acometida também tende a fazer uma rotação externa (apresentação mais comum) ou interna.
As complicações da fratura do colo do fêmur costumam ser derivadas do longo período de recuperação necessários para a cicatrização da lesão. Muitos pacientes ficam acamados e, por serem idosos e previamente portadores de várias outras doenças, acabam não conseguindo mais voltar a andar. Isso facilita a surgimento de complicações devido à imobilização crônica, como trombose venosa profunda, embolia pulmonar, úlceras da pele, pneumonia, infecções urinárias, etc. Quanto mais idosos e debilitado o paciente era antes da fratura, maior é o risco dele não conseguir uma recuperação completa.
O diagnóstico é habitualmente feito de forma clínica, através dos sintomas e pela história de queda. A radiografia do quadril serve para confirmar o diagnóstico e mostrar o local da fratura. Se a suspeita clínica de fratura do colo do fêmur for muito forte, mas a radiografia não mostrar uma imagem muito clara, uma tomografia computadorizada ou uma ressonância magnética podem ser solicitados para esclarecer a dúvida.

Tratamento da fratura do colo fêmur

O tratamento das fraturas do quadril deve ser cirúrgico, pois está é a forma com maior chance de recuperação. Se o paciente estiver clinicamente estável, a cirurgia ortopédica deve ser feita preferencialmente nas primeiras 48 horas após a fratura. Quanto mais tarde for feita a cirurgia, piores são os resultados.
O tratamento pode ser feito com fixação do osso com parafusos, pinos ou placas, dependendo do tipo da fratura. Se a cabeça do fêmur estiver bem danificada ou se houver risco de falta de perfusão sanguínea para a mesma, o ortopedista pode remover parte do quadril e substitui-lo por uma prótese artificial.
O paciente é estimulado a andar logo no dia seguinte da cirurgia, mesmo que com ajuda de muletas, para evitar que sua musculatura fique enfraquecida por longos períodos de imobilização na cama. A fisioterapia também deve ser iniciada precocemente. O ponto crucial do tratamento da fratura do quadril é impedir que o paciente não consiga voltar a andar.

O que é o quadril e o colo do fêmur?

Antes de falarmos propriamente da fratura do colo do fêmur, é essencial perdermos algumas linhas explicando a anatomia do fêmur e do quadril. Acompanhe a ilustração abaixo para facilitar o entendimento.
O fêmur é o maior, mais volumoso e mais forte osso do nosso corpo. Ele fica localizado na região da coxa, ligando-se ao joelho na extremidade inferior e à pelve na extremidade superior. Nesta extremidade superior, o fêmur apresenta uma projeção óssea, dividida em 3 partes: cabeça do fêmur, pescoço do fêmur (também chamada colo do fêmur) e trocante maior.
A cabeça do fêmur tem um formato de esfera e se encaixa perfeitamente no osso da pelve, em um local chamado acetábulo. Esta região, composta pela parte lateral do osso da pelve e pela extremidade superior do fêmur, é chamada de quadril ou anca. A junção do cabeça do fêmur com o acetábulo é chamada de articulação do quadril.
Anatomia do quadril

Fratura do colo do fêmur

Apesar de ser um osso bastante forte, a região do colo do fêmur é bastante susceptível a fraturas, principalmente em mulheres idosas com osteoporose.  Traumatismos da região do quadril provocados por queda são a principal causa de fratura do colo do fêmur.
Ao contrário das fraturas de outros ossos, que ocorrem por traumas nas pessoas mais jovens, a fratura do quadril é um quadro bem mais grave e complicado. Não basta imobilizar o osso para curar uma fratura do colo do fêmur. O tratamento deve ser feito através de cirurgia, com colocação de placas, parafusos ou próteses metálicas, e a recuperação completa é bem lenta, podendo durar vários meses. Muitos pacientes não conseguem voltar a andar e tornam-se dependentes de ajuda para executar suas atividades comuns de vida. Como essa lesão corre habitualmente em pacientes idosos e já com algumas doenças associadas, a taxa de complicações graves a curto e médio prazo é alta, fazendo com que a mortalidade durante o intervalo de 1 ano após fratura chegue a 20%.

Fatores de risco para fratura do colo do fêmur

As fraturas do colo do fêmur ocorrem habitualmente quando dois fatores agem em conjunto: traumatismo da região do quadril (na maioria dos casos por conta de quedas da própria altura) e ossos fracos.
Por isso, como já referido, os idosos são o principal grupo de risco, pois além de terem uma maior taxa de osteoporose, a incidência de quedas é muito maior nesta faixa etária.
Qualquer fator que contribua para enfraquecimentos dos ossos ou para um maior risco de quedas pode ser considerado um fator de risco para fratura do quadril, principalmente se eles estiverem presentes em pessoas mais idosas. Alguns exemplos são:
– Uso crônico de medicamentos que enfraquecem os ossos, tais como: glicocorticoides, heparina, varfarina, fenitoína, metotrexate e vários outros que favorecem o aparecimento da osteoporose.
– Uso de drogas que causam sonolência, que baixam a pressão arterial ou que diminuam os reflexos, pois aumentam o risco de quedas.
– Sedentarismo, pois a falta de atividades deixa os ossos e a musculatura mais fracos.
– Deficiência de vitamina D, pois a falta desta vitamina esta relacionada a ocorrência de ossos mais fracos (leia: DEFICIÊNCIA DE VITAMINA D).
– Menopausa, também relacionado à perda de massa óssea (leia: SINTOMAS DA MENOPAUSA).
– Mieloma múltiplo, por ser uma doença que ataca os ossos e facilita a ocorrência de fraturas (leia: MIELOMA MÚLTIPLO).
– Tabagismo e alcoolismo, pois estão associados à perda de massa óssea.
Quanto mais fraco for o osso, menor será o impacto necessário para que ocorra uma fratura. Muitas vezes, o osso está tão enfraquecido que uma simples torção da região do quadril pode ser suficiência para parti-lo.
Em pessoas jovens e saudáveis, a fratura do colo do fêmur só ocorre em caso de grandes impactos na região do quadril, como nos casos de acidentes automobilísticos.

Tipos de fratura do quadril

As fraturas do quadril costumam ocorrer na região do colo do fêmur, porém, há outros pontos do osso fêmur que também podem partir. Saber qual é o tipo de fratura do quadril que o paciente sofreu é importante, pois o tratamento e a incidência de complicações variam de acordo com o sitio anatômico fraturado.
fratura do colo do fêmur
As fraturas do colo e da cabeça do fêmur são chamadas de fraturas intracapsulares. As fraturas que ocorrem abaixo do colo do fêmur são chamadas de fraturas extracapsulares.
As fraturas intracapsulares costumam ter maiores taxas de complicações, pois a região do colo e da cabeça do fêmur são naturalmente mais mal vascularizadas. Quando ocorre uma fratura nesta região, há grande risco de interrupção do fluxo sanguíneo, dificultando não só a cicatrização do osso, mas também aumentando o risco de necrose ou alterações degenerativas da cabeça do fêmur.
Nas fraturas extracapsulares a principal complicação é hemorragia, pois essa região do osso é bastante vascularizada.

Sintomas da fratura do colo do fêmur

RX fratura colo do fêmur Nos idosos, quedas simples, aparentemente sem maiores danos, podem ser suficientes para partir o colo do fêmur. O paciente cai e passa apresentar intensa dor na região do quadril e da coxa, associada a incapacidade de mobilizar a perna. Se a fratura for completa e partir o osso em duas partes, o membro inferior acometido passa a ter menor comprimento que o membro sadio. A perna acometida também tende a fazer uma rotação externa (apresentação mais comum) ou interna.
As complicações da fratura do colo do fêmur costumam ser derivadas do longo período de recuperação necessários para a cicatrização da lesão. Muitos pacientes ficam acamados e, por serem idosos e previamente portadores de várias outras doenças, acabam não conseguindo mais voltar a andar. Isso facilita a surgimento de complicações devido à imobilização crônica, como trombose venosa profunda, embolia pulmonar, úlceras da pele, pneumonia, infecções urinárias, etc. Quanto mais idosos e debilitado o paciente era antes da fratura, maior é o risco dele não conseguir uma recuperação completa.
O diagnóstico é habitualmente feito de forma clínica, através dos sintomas e pela história de queda. A radiografia do quadril serve para confirmar o diagnóstico e mostrar o local da fratura. Se a suspeita clínica de fratura do colo do fêmur for muito forte, mas a radiografia não mostrar uma imagem muito clara, uma tomografia computadorizada ou uma ressonância magnética podem ser solicitados para esclarecer a dúvida.

Tratamento da fratura do colo fêmur

O tratamento das fraturas do quadril deve ser cirúrgico, pois está é a forma com maior chance de recuperação. Se o paciente estiver clinicamente estável, a cirurgia ortopédica deve ser feita preferencialmente nas primeiras 48 horas após a fratura. Quanto mais tarde for feita a cirurgia, piores são os resultados.
O tratamento pode ser feito com fixação do osso com parafusos, pinos ou placas, dependendo do tipo da fratura. Se a cabeça do fêmur estiver bem danificada ou se houver risco de falta de perfusão sanguínea para a mesma, o ortopedista pode remover parte do quadril e substitui-lo por uma prótese artificial.
O paciente é estimulado a andar logo no dia seguinte da cirurgia, mesmo que com ajuda de muletas, para evitar que sua musculatura fique enfraquecida por longos períodos de imobilização na cama. A fisioterapia também deve ser iniciada precocemente. O ponto crucial do tratamento da fratura do quadril é impedir que o paciente não consiga voltar a andar.