terça-feira, 12 de agosto de 2014

Compressão da medula espinhal

Compressão da medula espinhal

Normalmente, a medula espinhal é protegida pela coluna vertebral, mas certas doenças podem comprimi-la e alterar a sua função normal. A compressão medular pode ser de origem traumática (por ruptura de uma vértebra ou de outro osso da coluna ou por ruptura de um ou mais dos discos cartilaginosos intervertebrais), infecciosa (abcesso medular) ou tumoral vertebral (um tumor na medula espinhal ou na coluna). A causa da compressão medular súbita deve-se geralmente a um traumatismo ou a uma hemorragia, mas também pode ser consequência de uma infecção ou de um tumor. Pode também verificar-se uma compressão por causa de um vaso sanguíneo anormal (malformação arteriovenosa).
Se a compressão for muito intensa, os sinais dos trajectos nervosos ascendentes e descendentes podem ficar completamente bloqueados. Se a compressão for menos grave, pode provocar a disfunção de alguns desses sinais. A função neurológica pode restabelecer-se por completo se a lesão for detectada de imediato e tratada antes de os nervos serem destruídos.
Qual a área lesionada da coluna vertebral
A coluna vertebral está dividida em 4 áreas: cervical (pescoço), torácica (peito), lombar (parte baixa das costas) e sagrada (cóccix). Cada área é designada com uma letra (C, T, L ou S). As vértebras dentro de cada área da coluna numeram-se começando por cima. Por exemplo, a primeira vértebra dentro da coluna cervical denomina-se C1; a segunda dentro da coluna cervical, C2; a segunda dentro da coluna torácica, T2; a quarta dentro da coluna lombar, L4, e assim sucessivamente. Os nervos saem da coluna vertebral e dirigem-se para áreas específicas do corpo. Ao detectar onde a pessoa sofre debilidade, paralisia ou perda de função (e, portanto, lesão nervosa), o médico pode procurar e encontrar o lugar exacto da lesão da coluna.
Dermatomas
Os dermatomas são áreas da pele inervadas por fibras provenientes de uma só raiz nervosa. Há 8 raízes nervosas para as 7 vértebras cervicais; por outro lado, cada uma das 12 vértebras torácicas, das 5 lombares e das 5 sagradas têm uma só raiz nervosa espinhal que inervam áreas específicas da pele. A ilustração mostra como os nervos inervam áreas diferentes. Por exemplo, um nervo procedente da quinta vértebra lombar (L5) inerva uma franja da pele da parte baixa das costas, o exterior da coxa, o interior da perna e do calcanhar.
Sintomas
A área medular lesada determinará as funções sensitivas e motoras afectadas. (Ver secção 6, capítulo 69) O mais provável é que abaixo do nível da lesão se desenvolva debilidade ou paralisia e uma diminuição ou uma perda completa da sensibilidade.
Um tumor ou uma infecção dentro da medula espinhal ou à volta da mesma exercerá uma pressão crescente nela, produzindo dor e sensibilidade no local da compressão, assim como debilidade e alterações sensitivas. À medida que a compressão se agrava, a dor e a debilidade evoluem para a paralisia e para a perda de sensibilidade, tudo isso no decurso de dias ou de semanas. No entanto, se for interrompido o fluxo sanguíneo para a medula, pode verificar-se paralisia e perda de sensibilidade numa questão de minutos. A compressão medular que se processa mais lentamente deve-se muitas vezes a anomalias nos ossos por causa de uma artrose ou de tumores de crescimento muito lento; a pessoa afectada pode não ter dor, e ao longo dos meses aparecem perturbações sensitivas (por exemplo, formigueiro) e debilidade progressiva.
Diagnóstico
Graças à organização específica dos nervos da medula espinhal, os médicos podem determinar qual é a zona afectada mediante a avaliação dos sintomas e o exame físico. Por exemplo, uma afecção medular a meio do tórax pode causar debilidade motora e entorpecimento numa perna, mas não no braço, e pode também afectar a função da bexiga urinária e dos intestinos. A pessoa pode ter uma sensação de mal-estar em forma de cinturão ao nível da lesão medular.
A tomografia axial computadorizada (TAC) ou a ressonância magnética (RM) costumam pôr em evidência a localização da compressão e inclusive podem indicar a sua causa. Pode também efectuar-se uma mielografia para determinar, com uma injecção de uma substância de contraste e posterior estudo radiológico, onde se encontra a parte comprimida, dado que o contraste se vê comprimido ou beliscado. Este exame é um pouco mais complexo do que a TAC ou a RM e também mais incómodo, mas é o de maior precisão quando ainda existem dúvidas depois dos resultados daqueles exames complementares.
A TAC e a RM podem revelar qualquer fractura, colapso ou deslocação de uma vértebra, uma ruptura do disco intervertebral, um crescimento ósseo, uma hemorragia, um abcesso ou um tumor. Por vezes, é necessário fazer mais exames. Por exemplo, se se detectar um crescimento ósseo anormal, será necessária uma biopsia para determinar se se trata de um cancro. 

Tratamento
O tratamento da compressão medular depende da sua causa, mas sempre que seja possível deve descomprimir-se a medula imediatamente, porque no caso contrário pode sofrer uma lesão permanente. Muitas vezes deve efectuar-se uma descompressão cirúrgica, embora a radioterapia possa também ser eficaz para tratar a compressão provocada por tumores. Administram-se frequentemente corticosteróides como a dexametasona para ajudar a reduzir o edema interior ou à volta da medula que possa contribuir para a compressão.
A compressão medular provocada por uma infecção trata-se imediatamente com antibióticos. O médico, habitualmente um neurocirurgião, com uma seringa procede ao esvaziamento (drenagem) da parte infectada cheia de pus (abcesso).

Sem comentários:

Enviar um comentário