segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Intoxicações Exógenas

Intoxicações Exógenas
Introdução
Intoxicações por medicamentos, drogas de abuso, produtos domésticos tem apresentação  relativamente recente, embora já existiam descrições de intoxicações ou envenenamento há mais de mil anos; nessa altura já era reconhecida como problema que afecta as urgências e cuidados intensivos.
Introdução
1952- Academia Americana de Pediatria organiza Comissão de Prevenção de Acidentes pois na altura 50% dos acidentes em crianças estavam relacionados com tóxicos.
1953- 1º Centro de Informação Toxicológica em Chicago e difundiu-se pelo resto dos EUA com criação de um série de instituições e organizações que davam assistência ao intoxicado.
Actualmente existem centenas de centros de informação toxicológica; e desenvolveram-se nos hospitais serviços de atendimento ao intoxicado.
Conceitos
Intoxicação: Quadro resultante da exposição a um tóxico.
        Aguda: menos de 24hrs e dose tóxica.
 Tóxico: qualquer substância química capaz de produzir alterações estruturais ou funcionais no organismo incluindo a morte.
 Antídoto substância química capaz de antagonizar os efeitos de um tóxico no organismo.
Farmacocinética
Absorção
Ocular
Inalatória
Cutânea
Ingestão
Eliminação
Cutânea
Glandular
Pulmonar
Digestiva
Renal
Hepática
Manifestações Clínicas
Depende de ׃
Fisiopatologia de cada tóxico
Dose absorvida
Presença de complicações
 É sempre melhor averiguar os seguintes dados׃
ØNome da subst. Química
ØQuant. Ingerida(num. De cp,ml...)
ØTempo occurido desde a intox.
ØPresença de vomitos
ØConsumo habitual de alguns fármacos
ØExistência de outras pessoas com mesma sintomatologia
Manisfetações Clínicas
Manifestações Resp.
Manif. Digestivas
Manif. Neurológicas
Manif. Cardio-vasculares
Manif. Musculares(fasciculações,mioclonia...)
Manif. Oculares(midriase,miose,.....)
Manif. Cutaneas(hipotermia,sudoração...)
Manifestações Respiratórias
Broncospasmo
Cianose
Edema agudo do pulmão
Hiperventilação
Hipoventilação
Manifestações digestivas
Alito específico
Naúsea e vomitos
Sialorea
Secura da boca
Dor orofaringe
Hematese
Manifestações cardiovasculares
Aritmias ventriculares
BAV e bradicardia
Taquicardia
HTA
Hipotensão arterial
Manifestações neurológicas
Agitação,delirio
Tonturas,acufeno
Convulsões
Estupor e Coma
Exames complementares
Hemograma
Glicemia
Função renal e ionograma
Função hepática
Coagulograma
Gasemetria
Urina II
ECG
Exames toxicológicos (quantitativa e qualitativa)
Rx tórax e abdómem
Tratamento
Medidas Gerais
      ABC; RCP; O2, monitorização, fluidoterapia
Eliminação do tóxico da porta de entrada impedindo nova absorção da substância
Eliminar o tóxico absorvido
Neutralizar os efeitos produzidos pelo tóxico
Eliminação do tóxico da porta de entrada
   
     Inalação- O2
    Cutânea- despir o doente e banho com H2O e sabão
    Ocular- lavagem ocular com abundante H2O durante 15 min
    Ingestão-  emesis forçada e lavagem gástica
Eliminação da porta de entrada; Ingestão
Eliminação do Tóxico absorvido
Depuração renal
Depuração extra-renal
Depuração Renal
Depuração extra-renal
Diálise peritoneal
Hemodiálise
Hemoperfusão
Hemofiltração
Plasmaforesis
Exsanguíneo transfusão
Antídoto
Reverter o quadro clínico.
Nem todos os tóxicos tem antídotos
Alguns antídotos tem efeitos  secundários + graves que o tóxico que se quer antagonizar.
Deve-se controlar as complicações.
Mecanismo de acção do Antídoto
Organofosforados
Conceito
Pesticidas conjunto de substâncias utilizados para destruir, controlar ou prevenir a acção dos animais, vegetais ou microorganismos prejudiciais ao homem. Classificam-se em insecticidas, herbicidas.
Insecticidas subdividem-se em: organofosforados, carbamatos, organoclorados e piretroides.
Organofosforados são derivados do ácido fosfórico que apresenta um estrutura instável e se hidrolizam com muita rapidez, razão pela qual não há risco de se acumular no meio ambiente.
Fisiopatologia:
   
    Organofosforados  produzem uma inibição da acetil-colinesterase que e responsável por destruir o acetil-colina nas sinapses nervosas. Levando ao acúmulo de acetilcolina no receptor e portanto excesso de manifestações colinérgicas, nicotínicas, muscarínicas, centrais e periféricas.
    A inactivação da acetilcolinesterase pelo organofosforado resulta de uma fosforilação que é um processo reversível, existindo um momento em que a colinesterase se reactiva de novo, tal reactivação depende do tipo de organofosforado envolvido.

Manifestações clínicas
Tipo organofosforado,
via de entrada
Dose
susceptibilidade individual.
Manifestações clínicas
Evolução
Sindrome intermédio: é posterior aos efeitos agudos (24-46 da crise colinérgica), produz debilidade muscular proximal, flexores do pescoço e respiratórios, paralisia dos nervos craneanos. Não deixam sequelas e duram 5 a 20 dias.
Neuropatia retardada: patogenia não depende da inibicão das colinesterase  mas da inibição da estearase neuropática enzima axional e pelo aumento do Ca intracelular pela alteração da calciocalmodelinaquinase II.
     Ocorre cerca de 1 a 3 semanas e pode deixar sequelas 6 a 18 meses com persistência e paralisia.
Diagnóstico
Exame objectivo
Determinação da colinesterase plasmática, eritrocitária (++) e hepática
Tratamento
Medidas de suporte geral
Descontaminação do paciente
     retirar todas roupas
     Oxigenoterapia
     lavagem gástrica
     carvão activado
Controlar convulsões com diazepam (fenotiazinas ++ efeito de organofosforados)
Observar paciente ate 48hr da última dose de atropina.
Antídoto
Atropina
      Restaura a colinesterase . Atropinização:Midríase, febre, íleo, secura da pele e mucosas
Ligeira 2mg IV  15/15 min
Moderada  3-4mg 15/15min EV
Grave 5-6 mg 15/15 min
Continua com metade da dose total utilizada 24hrs até ao máximo 3dias.
0.02-0.08mg/kg + soro fisiológico em infusão contínua ou em bolos entre 24 a 72hrs.
Pralidoxima:
      Coadjuvante da atropinização. Melhora as fasciculações e NC
     Moderadas e Graves.
     
      1-2gr+100 ml SF em 1hr. Se necessário mais 1 a 2 doses no intervalo de 8-12hrs.
     
ÁLCOOL
Conceito/ fisiopatologia
Metanol ou álcool metílico (CH3OH) uso habitual na indústria, laboratórios, uso clandestino em bebidas alcoólicas.
Dose mínima letal 30ml metanol puro.
Metabolizado no fígado.
Metanol → álcool desidrogenase → formaldeido → aldeido+ácido fórmico
Oxidação do ácido fórmico → etanol+água

Manifestações Clínicas
Analítica
Acidose com bicarbonato baixo
Acidose láctica
↑ hematócrito
Hiperamilasemia
↑ intervalo aniônico, osmolar
Diagnóstico- determinação plasmática
Tratamento
Medidas gerais
   Lavagem gástrica
   Evitar edema cerebral
   Prevenir lesão ocular com folinato cálcico 50mg 6/6EV no soro dextrose vários dias
Antídoto: etanol e 4 Metilpirazol ou Fomepizol
Alcalinização
Hemodiálise
Etanol
Bloqueia a formação de formaldeido e ácido fórmico, responsáveis pela toxicidade.
100-150mg diluido VO com água até 20-30% e EV  dextrose 5% até 5 a 10%
Dose de ataque: 1ml/kg álcool etílico absoluto VO; EV numa veia central em 15min
Manutenção: álcool etílico absoluto 0.16ml/kg/h continuar até metanol 20mg ou Ph>7.3 sem uso de bicarbonato. Em caso de hemodiálise duplicar a dose 0.3-0.4 ml/Kg/h
4 Metilpirazol ou Fomepizol
Inibe competitivamente a enzima álcool desidrogenase;
    
   Vantagens: não ↑ sedação, < risco de hipoglicemia, < excesso de líquido  e de fácil manejo.
   
   Desvantagem é o preço.
Dose de ataque: 15mg/Kg seguido de 10mg 12/12 até 4 vezes
Alcalinização
Bicarbonato de Na melhora a acidose metabólica e evita a formação do ácido fólico. HCO3> 18meq/L
Hemodiálise
Faz a depuração do metanol e metabólitos, indicado na I.renal, diminuição NC

Sem comentários:

Enviar um comentário