sexta-feira, 30 de agosto de 2013



FÁRMACOS  ANTI-RETROVIRAIS


Parte II:
 Introdução ao HIV e à SIDA


Objetivos da formação


1.Descrever a magnitude da epidemia de HIV


2.Definir o HIV e a SIDA


3.Descrever a transmissão do HIV


4.Descrever o ciclo de vida do vírus da IH e identificar os locais de acção dos medicamentos


5.Descrever as etapas de progressão da infecção HIV/SIDA (incluindo as infecções oportunistas)



2. Definir o HIV e a SIDA


VIH: Vírus da Imunodeficiência Humana. Um retro vírus que se reproduz nos
Linfócitos-T humanos (importantes para a função imunitária)


*“retro” = inverso: Na replicação genética, o ADN é, normalmente,  transcrito  em ARN. Os retro vírus transcrevem o ARN em ADN, utilizando um enzima chamado “transcriptasa inversa”(TI) ou “ reversa ”(TR)


4 retro vírus humanos (VIH 1&2, VHTL 1&2)


Muitos retro vírus nos animais


Definir o HIV e a SIDA (cont.)


SIDA: Síndrome de Imunodeficiência Adquirida: caracterizada por uma imunodeficiência severa.  Uma manifestação tardia da infecção pelo HIV 
  O enfraquecimento do sistema imunitário leva a infecções oportunistas (ex. pneumonia, infecções por fungos), que se tornam ainda mais freqüentes e severas com a progressão do HIV




3. Transmissão do HIV


As pessoas que vivem com o HIV/AIDS podem transmitir o vírus em qualquer etapa clínica da doença


O HIV é transmitido por: sangue,  esperma,  secreções vaginais, leite materno


Maior risco de transmissão:
compartilhar agulhas (ex. utilização de drogas injectáveis)
relação sexual(vaginal ou anal) sem protecção


4. O ciclo de vida do HIV
 replicação do ADN


Os organismos são formados por células


Cada célula contem um núcleo


O núcleo (« biblioteca ») contem os cromossomas (« livros » : 46 nos seres humanos)


Os cromossomos contêm os genes  (« receitas »)


Essa receita não é seguida em todas as células  


Replicação do ADN (2)


Replicação Genética :
ADN em ARN em proteína


Como o organismo utiliza as proteínas


As proteínas têm muitas funções :


Enzimas


Essenciais para um sistema imunitário  eficaz


± 15% da massa corporal


Proteínas Especiais


As células têm diversos receptores externos


Algumas proteínas funcionam como « fechaduras » dos receptores


Outras proteínas funcionam como chaves


Proteínas chaves e proteínas fechaduras se correspondem; o material genético das « chaves » penetra na célula, iniciando um processo biológico, por exemplo a produção de determinadas proteínas novas


HIV e células CD4


As células CD4 dão informações ao


    sistema   imunitário para atacar as infecções


O HIV tem as “chaves” que entram nas « fechaduras » CD4


O vírus IH invade as células CD4;
reduzindo a função normal das CD4


Enfraquece o sistema imunitário


Vírus


Um vírus é um pequeno agente infeccioso sem núcleo nem membrana celular


Não é “vivo”; precisa de células para se reproduzir
Parasita intracelular obrigatório


Traduz seu próprio ADN em ARN


Utiliza as « cozinhas » das células para se duplicar ele próprio








5. Progressão da infecção por HIV :
Carga viral e número de CD4


Infecções Oportunistas


Infecções que poderiam ser controladas por um sistema imunitário saudável


O HIV não mata, as infecções oportunistas sim!


Bacterianas (ex. TB)


Micóticas (ex. candidiase)


Virais (ex. herpes zona, herpes simples),


Parasitárias (ex. toxoplasmose)


Existem também algumas formas de cancro (não são propriamente infecções)


É necessária uma estratégia de tratamento que seja agressiva e iniciada precocemente


Infecções Opportunistas (cont.)


Estádios Clínicos


OMS: 4 estádios clínicos e 3 limiares biológicos


Estádios clínicos OMS :


Assintomático (início da infecção)


II  Levemente  sintomático (latência)


III  Moderadamente sintomático (pré-SIDA)


IV  Severamente sintomático (SIDA)


Limiares biológicos (laboratório) baseados no número de CD4:


1.>= 500 células/mm3


2.200 a 499 células /mm3


3.0 a 199 células /mm3


Parte II – Introdução ao HIV e ao SIDA:




Discussão


Parte III:
 Terapia
Antiretroviral


Objetivos da formação


1.Descrever os diferentes tipos de ARV;
Listar os ARV existentes no mercado e seus tipos


2.Descrever os efeitos secundários e as interacções dos ARV


3.Descrever os princípios dos tratamentos com ARV


4.Indicar a cobertura dos medicamentos antiretrovirais




1. Tipos de antiretrovirais


Actualmente há quatro categorias de ARV


Todos interferem na capacidade do vírus de se recopiar no interior da célula:


Inibidores da Fusão bloqueiam a entrada do HIV na célula


Inibidores da Transcriptase Inversa bloqueiam a replicação do HIV na célula (2 formas)


Inibidores da Protease bloqueiam o amadurecimento do HIV na saída da célula




Inibidores da Fusão (de Entrada)


O HIV só se pode se reproduzir no interior da célula.
O HIV entra na célula CD4 unindo-se aos receptores


“Preencher” esses receptores evita a entrada
o Bloqueador =
Inibidor da fusão (entrada)


Actualmente, só o enfuvirtide (Fuzeon® inj), recentemente introduzido, impede a fusão com as células T


Inibidores ITI : INTI, INtTI; INNTI


A Transcriptase Inversa ou Reversa (um enzima) transforma o ARN em ADN, ao copiar os nucleotídeos (as “letras” A-C-G-T)


Inibidores da Transcriptase Inversa (ITI), bloqueiam o processo de replicação:
-----“Nucleosídica INTI
  Análogo Nucleosídio INsTI


Análogo Nucleotídio INtTI


-----“Não-Nucleosídica ”:
 
  Análogo Não-Nucleosídio INNTI




« Núcleo »: INTI, INNTI


« Não-núcleo »: INNTI


Inibidores da Protease (IP)


O Vírus envia instrução à célula de formar a protease 


Quando um novo vírus sai da célula, a protease corta as proteínas do vírus no tamanho correto (clivagem)
O Vírus não está “maduro” antes de ser cortado


Os inibidores da Protease bloqueiam a protease;  o vírus não é cortado e não pode infectar novas células 


Resumo dos ARV por tipo
(em verde: os medicamentos comuns)


2. Efeitos secundários comuns dos ARV


Neuropatia periférica, formigueiro (INTI, IP)


Neurológicos: dores de cabeça, vertigens


Sangue: anemia, leucopenia (INTI)


Rash cutâneo (nevirapine)


GI: diarréia, cólicas, vómitos, náuseas


Metabólicos: acidose láctica, lipodistrofias (INTI, IP)


Toxicidade hepática


Cálculos renais (indinavir)


Interacções


Farmacocinética : afecta as quantidades de medicamentos disponíveis no corpo; ex. um medicamento interfere na eliminação de outro


Ritonavir diminui a eliminação dos outros IP, utilizados como “booster”


Os IP e INNTI interagem com os anticoncepcionais orais e os medicamentos para TB


Farmacodinâmica : relacionado com o modo de acção:


ex. zidovudine e stavudine, os dois “falsos T”, têm toxicidades que se adicionam


3. Tratamento Antiretroviral


Actualmente não existe cura para o HIV/SIDA


Meta : manter a qualidade de vida


Iniciar a terapia ARV ao ser elegível


Tratar precocemente e de maneira agressiva as infecções oportunistas e simultâneas


Oferecer tratamentos paliativos


Quando começar o tratamento?


Cada país tem o seu próprio guião de tratamento 


Centros para controle de doenças dos EEUU:


Menos de 200 células CD4 por mm3


Menos de 14% de células T são CD4+
(as percentagens são, muitas vezes, uma melhor medida do déficit imunitário nas crianças, que têm um número mais alto de CD4 que os adultos)


Sistema de Tratamento OMS


Terapia antiretroviral Altamente Activa


Terapia antiretroviral Altamente Activa


Combinação de medicamentos para reduzir o risco de resistência medicamentosa e reduzir a dosagem de cada um dos medicamentos


Mas:


As combinações devem ser sinérgicas


Assegurar-se de que a toxicidade não se acrescente


TAAA : recomendação


Primeira linha:  Segunda linha:
2 INTI + 1 INNTI  2 INNTI + 1 ou 2 IP



Exemplo – guia do sector público da África do Sul :
stavudine (NRTI)   zidovudine (NRTI)
lamivudine (NRTI)   lopinavir+ritonavir (IP)
efavirenz (NNRTI)
Ou  névirapine* (NNRTI)
* se a contracepção não está garantida


Se o esquema de 2ª linha fracassa: enviar o paciente a um especialista


Pílulas para um dia


Combinações de dose fixa : CDF


Vários medicamentos combinados num só comprimido


Benefícios:


CDF
 Possíveis Inconvenientes :


Dificuldade de ajustar o tratamento às necessidades individuais do paciente


Atraso no momento de mudança de terapia (médicos e pacientes podem ter a tendência de resistir-se às mudanças)


Bastante recentes, poucos dados


CDF ARV
(
dose de adulto normal)


Stavudine 30mg + Lamivudine 150mg + Nevirapine 200mg


Stavudine 30mg + Lamivudine 150mg


Stavudine 40mg + Lamivudine 150mg + Nevirapine 200mg


Stavudine 40mg + Lamivudine 150mg


Zidovudine 300mg +Lamivudine 150mg + Nevirapine 200mg


Zidovudine 300mg + Lamivudine 150mg




Lopinavir 400mg + Ritonavir 100mg


Protocolos de tratamento


Tratamento de 1ª linha




$130-300/pessoa


94-98% dos pacientes


CDF existente


Tratamento de 2ª linha




~$3000/pessoa


2-6% dos pacientes


CDF limitados


Menos opções


Formas e dosagens pediátricas


Solução oral / suspensão (didanosine, ritonavir precisam ser mantidas em refrigeração; nevirapine susp. não deve ser mantida em refrigeração)


Diferentes dosagens para recém-nascidos, lactentes e crianças


Posologia indicada por kg/peso corporal ou por superfície corporal, ex. didanosine, crianças de 3-13 anos: 90 mg/m2 duas vezes por dia ou 240mg/m2 uma vez por dia


Razões para modificar as terapias


Intolerância medicamentosa :


Mudança do medicamento responsável, se o mesmo for identificado 


Fracasso do tratamento (o vírus se multiplica):


Pode acontecer por muitas razões: mudanças farmacocinéticas, baixa adesão, interacções...


Pode ser difícil de detectar nas estruturas sem recursos (mal equipadas)


Mudança de todos os medicamentos, se possível


Circunstâncias especiais, ex. :


Gravidez (aumentos de doses podem ser necessários por causa do aumento de peso), pediatria, comorbilidade com TB


Profilaxia e tratamento das IO


Tuberculose  Rifampicina, isoniazida, pirazinamida, etambutol


Candidiase   Fluconazol


Pneumocistose  Cotrimoxazol, pentamidina, dapsona


Toxoplasmose  Cotrimoxazol, clindamicina, pirimetamina, ácido folínico


  Anfotericina B, fluconazol


Cryptococose


Herpes simples  Valaciclovir


……  …  …


Profilaxia pós-exposição


Dada às pessoas após um risco de exposição elevado ou conhecido ao HIV (violação, ferida com agulhas, exposição cirúrgica)


Deve ser dada logo que possível após a exposição, de preferência dentro das 24 horas seguintes


AZT/3TC duas vezes por dia, 28 dias






Acesso aos TAR: junho/2005 pela OMS Regional


Parte III – Terapia antiretroviral :




Discussão


Resumo


Uma vez que o HIV está no ADN, não pode mais ser eliminado => Tratamento vitalício de uma doença crônica


Os ARV são determinantes para controlar o HIV e atrasar o início de infecções oportunistas (IO)


O HIV desenvolve facilmente  resistência, especialmente se a concentração terapêutica não for mantida


Os ARV têm muitos efeitos indesejáveis e interacções: isso torna difícil a sua utilização e adesão


Implicações


Qualidade assegurada dos produtos


Cadeia de abastecimento eficaz e sem interrupção


Adesão aos esquemas de tratamento


Seguimento dos resultados do tratamento


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