terça-feira, 20 de agosto de 2013

•FÁRMACOS ANTI-RETROVIRAIS


FÁRMACOS  ANTI-RETROVIRAIS

Objetivos da formação
1.Descrever a magnitude da epidemia de HIV
2.Definir o HIV e a SIDA
3.Descrever a transmissão do HIV
4.Descrever o ciclo de vida do vírus da IH e identificar os locais de acção dos medicamentos
5.Descrever as etapas de progressão da infecção HIV/SIDA (incluindo as infecções oportunistas)

2. Definir o HIV e a SIDA
VIH: Vírus da Imunodeficiência Humana. Um retro vírus que se reproduz nos
Linfócitos-T humanos (importantes para a função imunitária)
*“retro” = inverso: Na replicação genética, o ADN é, normalmente,  transcrito  em ARN. Os retro vírus transcrevem o ARN em ADN, utilizando um enzima chamado “transcriptasa inversa”(TI) ou “ reversa ”(TR)
4 retro vírus humanos (VIH 1&2, VHTL 1&2)
Muitos retro vírus nos animais
Definir o HIV e a SIDA (cont.)
SIDA: Síndrome de Imunodeficiência Adquirida: caracterizada por uma imunodeficiência severa.  Uma manifestação tardia da infecção pelo HIV
   O enfraquecimento do sistema imunitário leva a infecções oportunistas (ex. pneumonia, infecções por fungos), que se tornam ainda mais freqüentes e severas com a progressão do HIV

3. Transmissão do HIV
As pessoas que vivem com o HIV/AIDS podem transmitir o vírus em qualquer etapa clínica da doença
O HIV é transmitido por: sangue,  esperma,  secreções vaginais, leite materno
Maior risco de transmissão:
compartilhar agulhas (ex. utilização de drogas injectáveis)
relação sexual(vaginal ou anal) sem protecção
4. O ciclo de vida do HIV
 replicação do ADN
Os organismos são formados por células
Cada célula contem um núcleo
O núcleo (« biblioteca ») contem os cromossomas (« livros » : 46 nos seres humanos)
Os cromossomos contêm os genes  (« receitas »)
Essa receita não é seguida em todas as células  
Replicação do ADN (2)
Replicação Genética :
ADN em ARN em proteína
Como o organismo utiliza as proteínas
As proteínas têm muitas funções :
Enzimas
Essenciais para um sistema imunitário  eficaz
± 15% da massa corporal
Proteínas Especiais
As células têm diversos receptores externos
Algumas proteínas funcionam como « fechaduras » dos receptores
Outras proteínas funcionam como chaves
Proteínas chaves e proteínas fechaduras se correspondem; o material genético das « chaves » penetra na célula, iniciando um processo biológico, por exemplo a produção de determinadas proteínas novas
HIV e células CD4
As células CD4 dão informações ao
    sistema   imunitário para atacar as infecções
O HIV tem as “chaves” que entram nas « fechaduras » CD4
O vírus IH invade as células CD4;
reduzindo a função normal das CD4
Enfraquece o sistema imunitário
Vírus
Um vírus é um pequeno agente infeccioso sem núcleo nem membrana celular
Não é “vivo”; precisa de células para se reproduzir
Parasita intracelular obrigatório
Traduz seu próprio ADN em ARN
Utiliza as « cozinhas » das células para se duplicar ele próprio
5. Progressão da infecção por HIV :
Carga viral e número de CD4
Infecções Oportunistas
Infecções que poderiam ser controladas por um sistema imunitário saudável
O HIV não mata, as infecções oportunistas sim!
Bacterianas (ex. TB)
Micóticas (ex. candidiase)
Virais (ex. herpes zona, herpes simples),
Parasitárias (ex. toxoplasmose)
Existem também algumas formas de cancro (não são propriamente infecções)
É necessária uma estratégia de tratamento que seja agressiva e iniciada precocemente
Infecções Opportunistas (cont.)
Estádios Clínicos
OMS: 4 estádios clínicos e 3 limiares biológicos

Estádios clínicos OMS :
I  Assintomático (início da infecção)
II  Levemente  sintomático (latência)
III  Moderadamente sintomático (pré-SIDA)
IV  Severamente sintomático (SIDA)

Limiares biológicos (laboratório) baseados no número de CD4:
1.>= 500 células/mm3
2.200 a 499 células /mm3
3.0 a 199 células /mm3
Parte II – Introdução ao HIV e ao SIDA:

Discussão
Parte III:
 Terapia Antiretroviral
Objetivos da formação
1.Descrever os diferentes tipos de ARV;
Listar os ARV existentes no mercado e seus tipos
2.Descrever os efeitos secundários e as interacções dos ARV
3.Descrever os princípios dos tratamentos com ARV
4.Indicar a cobertura dos medicamentos antiretrovirais

1. Tipos de antiretrovirais
Actualmente há quatro categorias de ARV
Todos interferem na capacidade do vírus de se recopiar no interior da célula:
Inibidores da Fusão bloqueiam a entrada do HIV na célula
Inibidores da Transcriptase Inversa bloqueiam a replicação do HIV na célula (2 formas)
Inibidores da Protease bloqueiam o amadurecimento do HIV na saída da célula

Inibidores da Fusão (de Entrada)
O HIV só se pode se reproduzir no interior da célula.
O HIV entra na célula CD4 unindo-se aos receptores
“Preencher” esses receptores evita a entrada
o Bloqueador = Inibidor da fusão (entrada)
Actualmente, só o enfuvirtide (Fuzeon® inj), recentemente introduzido, impede a fusão com as células T
Inibidores ITI : INTI, INtTI; INNTI
A Transcriptase Inversa ou Reversa (um enzima) transforma o ARN em ADN, ao copiar os nucleotídeos (as “letras” A-C-G-T)
Inibidores da Transcriptase Inversa (ITI), bloqueiam o processo de replicação:
-----“Nucleosídica INTI
  Análogo Nucleosídio INsTI
Análogo Nucleotídio INtTI
-----“Não-Nucleosídica ”:
   Análogo Não-Nucleosídio INNTI

« Núcleo »: INTI, INNTI
« Não-núcleo »: INNTI
Inibidores da Protease (IP)
O Vírus envia instrução à célula de formar a protease 
Quando um novo vírus sai da célula, a protease corta as proteínas do vírus no tamanho correto (clivagem)
O Vírus não está “maduro” antes de ser cortado
Os inibidores da Protease bloqueiam a protease;  o vírus não é cortado e não pode infectar novas células 
Resumo dos ARV por tipo
(em verde: os medicamentos comuns)
2. Efeitos secundários comuns dos ARV
Neuropatia periférica, formigueiro (INTI, IP)
Neurológicos: dores de cabeça, vertigens
Sangue: anemia, leucopenia (INTI)
Rash cutâneo (nevirapine)
GI: diarréia, cólicas, vómitos, náuseas
Metabólicos: acidose láctica, lipodistrofias (INTI, IP)
Toxicidade hepática
Cálculos renais (indinavir)
Interacções
Farmacocinética : afecta as quantidades de medicamentos disponíveis no corpo; ex. um medicamento interfere na eliminação de outro
Ritonavir diminui a eliminação dos outros IP, utilizados como “booster”
Os IP e INNTI interagem com os anticoncepcionais orais e os medicamentos para TB
Farmacodinâmica : relacionado com o modo de acção:
ex. zidovudine e stavudine, os dois “falsos T”, têm toxicidades que se adicionam
3. Tratamento Antiretroviral
Actualmente não existe cura para o HIV/SIDA
Meta : manter a qualidade de vida
Iniciar a terapia ARV ao ser elegível
Tratar precocemente e de maneira agressiva as infecções oportunistas e simultâneas
Oferecer tratamentos paliativos
Quando começar o tratamento?
Cada país tem o seu próprio guião de tratamento 

Centros para controle de doenças dos EEUU:
Menos de 200 células CD4 por mm3
Menos de 14% de células T são CD4+
(as percentagens são, muitas vezes, uma melhor medida do déficit imunitário nas crianças, que têm um número mais alto de CD4 que os adultos)
Sistema de Tratamento OMS
Terapia antiretroviral Altamente Activa
Terapia antiretroviral Altamente Activa
Combinação de medicamentos para reduzir o risco de resistência medicamentosa e reduzir a dosagem de cada um dos medicamentos
Mas:
As combinações devem ser sinérgicas
Assegurar-se de que a toxicidade não se acrescente
TAAA : recomendação
Primeira linha:  Segunda linha:
2 INTI + 1 INNTI  2 INNTI + 1 ou 2 IP

Exemplo – guia do sector público da África do Sul :
stavudine (NRTI)   zidovudine (NRTI)
lamivudine (NRTI)   lopinavir+ritonavir (IP)
efavirenz (NNRTI)
Ou  névirapine* (NNRTI)
* se a contracepção não está garantida
Se o esquema de 2ª linha fracassa: enviar o paciente a um especialista
Pílulas para um dia
Combinações de dose fixa : CDF
Vários medicamentos combinados num só comprimido
Benefícios:
CDF
 Possíveis Inconvenientes :
Dificuldade de ajustar o tratamento às necessidades individuais do paciente
Atraso no momento de mudança de terapia (médicos e pacientes podem ter a tendência de resistir-se às mudanças)
Bastante recentes, poucos dados
CDF ARV
(dose de adulto normal)
Stavudine 30mg + Lamivudine 150mg + Nevirapine 200mg
Stavudine 30mg + Lamivudine 150mg

Stavudine 40mg + Lamivudine 150mg + Nevirapine 200mg
Stavudine 40mg + Lamivudine 150mg

Zidovudine 300mg +Lamivudine 150mg + Nevirapine 200mg
Zidovudine 300mg + Lamivudine 150mg

Lopinavir 400mg + Ritonavir 100mg
Protocolos de tratamento
Tratamento de 1ª linha

$130-300/pessoa
94-98% dos pacientes
CDF existente
Tratamento de 2ª linha

~$3000/pessoa
2-6% dos pacientes
CDF limitados
Menos opções
Formas e dosagens pediátricas
Solução oral / suspensão (didanosine, ritonavir precisam ser mantidas em refrigeração; nevirapine susp. não deve ser mantida em refrigeração)
Diferentes dosagens para recém-nascidos, lactentes e crianças
Posologia indicada por kg/peso corporal ou por superfície corporal, ex. didanosine, crianças de 3-13 anos: 90 mg/m2 duas vezes por dia ou 240mg/m2 uma vez por dia
Razões para modificar as terapias
Intolerância medicamentosa :
Mudança do medicamento responsável, se o mesmo for identificado 
Fracasso do tratamento (o vírus se multiplica):
Pode acontecer por muitas razões: mudanças farmacocinéticas, baixa adesão, interacções...
Pode ser difícil de detectar nas estruturas sem recursos (mal equipadas)
Mudança de todos os medicamentos, se possível
Circunstâncias especiais, ex. :
Gravidez (aumentos de doses podem ser necessários por causa do aumento de peso), pediatria, comorbilidade com TB
Profilaxia e tratamento das IO
Tuberculose  Rifampicina, isoniazida, pirazinamida, etambutol
Candidiase   Fluconazol
Pneumocistose  Cotrimoxazol, pentamidina, dapsona
Toxoplasmose  Cotrimoxazol, clindamicina, pirimetamina, ácido folínico
  Anfotericina B, fluconazol
Cryptococose
Herpes simples  Valaciclovir
……   
Profilaxia pós-exposição
Dada às pessoas após um risco de exposição elevado ou conhecido ao HIV (violação, ferida com agulhas, exposição cirúrgica)
Deve ser dada logo que possível após a exposição, de preferência dentro das 24 horas seguintes
AZT/3TC duas vezes por dia, 28 dias


Acesso aos TAR: junho/2005 pela OMS Regional
Parte III – Terapia antiretroviral :

Discussão
Resumo
Uma vez que o HIV está no ADN, não pode mais ser eliminado => Tratamento vitalício de uma doença crônica
Os ARV são determinantes para controlar o HIV e atrasar o início de infecções oportunistas (IO)
O HIV desenvolve facilmente  resistência, especialmente se a concentração terapêutica não for mantida
Os ARV têm muitos efeitos indesejáveis e interacções: isso torna difícil a sua utilização e adesão
Implicações

Qualidade assegurada dos produtos
Cadeia de abastecimento eficaz e sem interrupção
Adesão aos esquemas de tratamento
Seguimento dos resultados do tratamento

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