terça-feira, 4 de dezembro de 2012

ESTUDOS EPIDEMIOLOGICOS


2.1.-ESTUDOS DESCRITIVOS.

A epidemiologia descritiva tem como essência a determinação da
frequência da doença na população, o tipo de indivíduos ou
populações que sofrem da doença, tendo em conta que a descrição
de uma doença implica sempre a referência do lugar e tempo que
ocorre a mesma
mesma.

É definido como sendo um estudo que apenas diz respeito e é planeado
com o fim de descrever a distribuição existente de variáveis

Na prática, o estudo descritivo descreve os padrões de ocorrência de
doença por tempo, local, e pessoa.


Aplicações de estudos descritivos

• No planeamento da saúde e da sua administração: os estudos
descritivos e a análise dos seus resultados permitem aos
planificadores e administradores distribuir os recursos de uma
maneira mais eficiente.
• Também são usados para gerar hipóteses, fornecendo, muitas vezes,
as primeiras pistas importantes acerca da etiologia.


2.1.1.- Correlacionais ou ecológicos

Os dados neste tipo de estudo estão colhidos a nível da população ou
grupo e não a nível individual.
Isto quer dizer que as conclusões que vamos tirar deste tipo de estudo
serão também a nível da população e não individual.
Comparam se,
Comparam-se por tanto dados de frequência de doenças entre
tanto,
diferentes grupos ou populações.
É nos grupos que se mede a exposição, e se regista a ocorrência do
evento no estudo.
A característica principal deste tipo de estudo é que a informação que se
obtêm sobre o evento ou sobre a exposição será de um aglomerado na
sua totalidade desconhecendo-se a informação a nível individual.

Vantagens e desvantagens dos estudos ecológicos
*Vantagens :                              
- Podem se estudar grandes grupos populacionai                                                    -São fáceis de realizar                                       •                          
-Aumenta o poder estatístico
-Podem ser levados a cabo com a informação já disponível utilizando informação de estatísticas vitais.
*Desvantagens: Não temos informação dos indivíduos não se pode ajustar por diferenças a nível individual;
- Não se pode ter informação
sobre os factores de confusão,

2.1.2.- Transversais ou estudos de prevalência

Nos estudos transversais mede-se a exposição e o desfecho simultaneamente, sem fazer nenhum seguimento temporal. Só se faz a medição do desfecho num momento determinado. Uma das características importante deste tipo de desenho é que não permite estabelecer uma relação temporal entre o factor de risco e o desfecho.

-São aqueles em que se determina a presença ou ausência de doença ou outras
variáveis relacionadas com a saúde, em todos os membros da população de estudo
ou em uma amostra representativa, em um tempo determinado
• Dá uma fotografia quando comparamos com os outros estudos que é um vídeo.
• Exemplos: Osteoartrite, SIDA, bronquite crônica, doenças mentais, hanseníase,tuberculose.
Estudos transversais

População geral >Selecção aleatória>>População do estudo>>Determina-se o antecedente da exposição e a ocorrência do evento na população do estudo

Características


• É um corte no fluxo histórico da doença, evidenciando as
características apresentadas por ela naquele momento.
• Desfecho e exposição acontecem num mesmo ponto no tempo.

Etapas do Delineamento

1) Definir claramente os objectivos do estudo. Estes podem
incluir um ou mais dos abaixo:
a) Medir a prevalência de uma ou mais doenças (D);
b) Medir a frequência de exposições (E);
c) Avaliar associação estatística entre D e E;
d) Avaliar efeito - estimativa de risco (RP).

2) Estabelecer critérios diagnósticos, definir as exposições e
respectivos pontos de corte

- variáveis dependentes (desfechos)
É necessário fazer definições operacionais das doenças (diarréia,
hipertensão, desnutrição).
- variáveis independentes (factores de risco)
É necessário definir claramente as exposições a serem consideradas
(fumo, álcool, classesocial). Definir (se necessário) o período de
indução (exposição actual x exposição passada)


3) Descrever a população alvo - (população que a amostra
“pretende” representar)
Delimitação e definição - geográfica, idade, Sexo, etc.

4) Definir e descrever a amostra (população em estudo)
Definir tipo de amostragem, onde e como ela será colhida além de, critérios de inclusão e exclusão.


5) Calcular o tamanho da amostra
Para determinar o tamanho d amostra, é necessário especificar:
• poder estatístico (1-beta) - em geral se usa 80% ou 90%
• Nível de significância (alfa) - em geral se usa 5%
• Razão entre expostos e não expostos
• Estimativa de prevalência entre os expostos e entre os não
expostos
•Estimativa de risco para os expostos

Etapas da análise


1) Obter frequências de todas as variáveis de
interesse (doença ou relacionados, fatores de risco,
fatores de confusão), e examinar sua distribuição.
2) Escolher pontos de corte para as variáveis
quantitativas (se for o caso).
3) Calcular a frequência dos factores de interesse
(ou calcular médias e desvios padrão - se forem
variáveis quantitativas).
4) Calcular intervalos de confiança para estas
estimativas.
5) Fazer análises bivariadas cruzando os factores de risco com a
doença.
Observar:
a) prevalência em cada categoria do factor de risco
b) teste de associação (ex.: qui-quadrado)
c) calcular a Razão de Prevalências (RP) e seu Intervalo de Confiança
(IC)
6) Examinar a existência de possíveis factores de
confusão - fazendo análise estratificada.
7) Se for o caso realizar análise multivariada
caso,
controlando simultaneamente diversos fatores de
risco e/ou confusão, com os mesmos métodos acima.
Nota: Em cada etapa, elaborar tabelas e/ou gráficos
para fazer a “leitura” dos resultados.
Vantagens e desvantagens










VANTGENS: Eficientes para estudar a prevalência nas populações;
Podem estudar-se varias exposições; São pouco custosos e levam pouco
tempo; Pode-se estimar a prevalência do evento; Estuda mais de uma enfermidade ;Serve como primeiro passo aos estudos prospectivos.
DESVANTAGENS: Problemas para definir e medir exposição; Erros de selecção;  A ralação causa e efeito nem sempre é verificável; A causalidade determinada é débil; Falta de sequência temporal; Pouco úteis para doenças pouco  frequentes'





2.1.3.- Vigilância epidemiológica

Consiste na analise, interpretação e feedback de dados colhidos de forma
continuada e sistemática, usando normalmente métodos que se caracterizam por
ser práticos, uniformes e rápidos mais que pela sua precisão.
É uma ferramenta muito importante para o planeamento, implementação e
avaliação da pratica na saúde publica, estreitamente relacionada com uma
disseminação rápida da informação a toda agente que pode precisar dela.
O ponto final do sistema de vigilância epidemiológica é a aplicação dos dados na
prevenção e controle das doenças.
A notificação de casos e vacinados a nível distrital é um exemplo típico.

2.1.4. Série de casos

•Descrevem características socio-demográficas, comportamentais e/ou médicas, de uma ou mais pessoas, com um diagnóstico similar
• Fornecem uma importante ligação entre a Medicina clínica e a epidemiologia.
• Este tipo de estudo é útil para gerar hipóteses e examinar novas doenças.
• As suas conclusões sobre a causa ou os factores de risco não podem ser testadas sem a realização de estudos analíticos.
•Os estudos descritivos constituem um dos primeiros passos em investigação de
surtos; este tipo de estudos deve ser realizado sempre antes de se iniciarem os
estudos analíticos adicionais.


2.2.- ESTUDOS ANALÍTICOS

O objectivo mais importante da epidemiologia analítica é avaliar a
validade de uma hipótese de associação entre uma exposição (ou
factor de risco) e uma doença (ou desfecho) estabelecidas pela
epidemiologia descritiva, comparando se um determinado factor previne
ou predispõe a certa doença. A característica fundamental destes estudos
é a comparação explicita entre dois grupos de indivíduos.
Estes estudos dividem-se em duas grandes categorias: Observacionais e De Intervenção. A diferença principal é o papel que o investigador desempenha.


2.2.1.-Estudos Observacionais

Há 2 tipos de estudos observacionais: Cohorte e de Caso - Controlo.
A- CASO - CONTROLO: o investigador escolhe um grupo de indivíduos que
apresenta o desfecho - casos - e outro grupo com as mesmas
características que os casos mas sem apresentar o desfecho -controles.
Posteriormente o investigador procura ver em cada um dos indivíduos dos
dois grupos quem esteve exposto ao factor de risco e se comparam
as proporções de indivíduos expostos ao factor de risco entre os dois grupos.
•Trata-se de um estudo que tem inicio com a identificação das pessoas com a
doença e de um grupo de pessoas controle (para comparação ou termo de
referencia) a determinadas exposições:
Exp: Insuficiência Cardíaca x Sem Insuficiência
•A relação de um factor de risco (atributo) com a doença é comparada a
frequência do atributo nos grupos com e sem doença
•Designam este tipo de estudo de retrospectivo porque tem inicio depois do
começo da doença e investiga a ocorrência de factores causais.

vantagens e desvantagens
• Vantagens
• Uso em doenças pouco frequentes; Óptimos para estudar doenças com períodos de latência prolongados; Podem se estudar varias exposições em
simultâneo; São menos custosos e podem se realizar
em menos tempo; Avalia o risco de doença em relação a exposição.

•• Desvantagens
•Problema para definir populações fonte
dos casos; Difícil estabelecer sequencia temporal entre exposição e doença; Introduz erros sistemáticos e de classificação; Não estuda mais de uma doença; Precisa aproximar o risco relativo com  “odds ratio”; Não se podem estimar de forma directamedidas de incidência ou prevalência.

“Odds ratio” OR = ad/bc

Exemplo
• A infecção com HIV é muito rara na Croátia e todos os doentes
vão ao mesmo hospital

• O investigador quer saber os riscos para HIV em marinheiros
• Ela escolhe o desenho caso-controle porque o desfecho (HIV) é
raro

• Pergunta de pesquisa:
Em uma população de marinheiros croatas, é o sexo com um
trabalhador de sexo na África associado com infecção por HIV?

• Ele escolhe como os casos todos os marinheiros com HIV no
registro do hospital

• Como vai escolher os controles?
• Precisa “match”? Com quais critérios?


B- ESTUDO DE COORTE: nos estudos de coorte se escolhem indivíduos expostos
e não expostos ao factor de risco e são acompanhados durante um certo período
de tempo. O investigador vai registando a frequência com que os indivíduos de
cada grupo desenvolvem a doença. Em relação ao eixo tempo estes estudos podem se classificar em retrospectivos ou históricos e prospectivos. Segundo seja que no momento de iniciar o estudo já se tenha produzido a doença ou não, respectivamente.

Estudo de Coorte

Pacientes com uma determinada exposição, são seguidos durante um período e, comparados com outros pacientes sem esta exposição, para se verificar se desenvolvem um determinado desfecho:
Ex: Pacientes com HAS e sem HAS
– quantos desenvolvem ICC ?
• Entre os estudos observacionais é o desenho que mais se
assemelha ao desenho experimental
• Tem um alto valor na escala da causalidade porque permite
verificar a relação causa efeito correctamente no tempo

Característica principal:
• Longitudinalidade
(seguimento-“follow-up”):
compara a experiência ao longo do tempo de um
grupo exposto e outro não exposto (fatores de risco, fatores protetores) indo de encontro às conseqüências da exposição (doentes/sobreviventes, evento/ausência do evento).
• Exposição>>>Desfechos


Classificação:

•Prospectivos: a exposição é medida no momento de seleção
dos sujeitos e o(s) evento(s) durante o seguimento;

•Retrospectivos: informação sobre a exposição (e ás vezes
também sobre o(s) evento(s)) são coletadas através de registros já existentes.

Vantagens e desvantagens
Vantagens
• São os mais próximos aos experimentais • • A relação temporal causa efeito é verificável;  Bom para avaliar exposições pouco frequentes; Analisa muitos efeitos duma só exposição; Baixo risco de viés de selecção;  Inclue individuos seleccionados apartir de selecção; Calcula a incidência em expostos e não expostos.
                                                 f

•Desvantagens
Quando se trata de eventos pouco frequentes a complexidade e o custo pode aumentar muito, já que requer estudar e seguir uma população grande; Inútil para estudar doenças pouco frequentes; São difíceis de realizar; Custo elevado; Larga duração; Perda de seguimento.



2.2.2.- Estudos de intervenção

Neste tipo de estudo o investigador é quem decide que indivíduos vão
estar expostos ao factor de risco ou factor de protecção.
A distribuição entre grupos deve ser ao acaso para assegurar que os
grupos são totalmente comparáveis em todas as características a
excepção da exposição.

Este tipo de estudo quando é feito ao acaso, controlado com placebo e a
duplo cego são a ferramenta mais poderosa e cientificamente válida para determinar a eficácia de novas intervenções sanitárias.

C- Ensaios clínicos


Os ensaios clínicos aleatorizados são estudos experimentais que quando se
realizam de forma adequada proporcionam o grau máximo de evidencia
para confirmar a causa efeito entre a exposição e o evento em estudo.
•O investigador tem um controle sobre a distribuição da exposição que se
realiza de uma forma aleatória
•Porque são estudos prospectivos, longitudinais em que a unidade de analise
prospectivos é o indivíduo, permite a prevenir factores confusores e viés.
•A única diferença entre os grupos deve ser a substancia activa da exposição
no estudo
•A comparabililidade entre os grupos só será possível se os grupos forem
semelhantes em todas características que podem ter relação com o evento e
com a forma em que actua a exposição o que raramente obtém.
Como alternativa de se obter a comparabilidade entre os grupos é utilizar a
aleatorização.

Vantagens e desvantagens
• Vantagens: É o padrão de ouro por ser um método amplamente aceite;Assegura a comparação entre os grupos evitando os vieses tão comuns
estudos não experimentais; Aproxima-se o mais possível da realidade.

• Desvantagens: Tem problemas éticos; Podem não ser exequíveis; São caros;  Não são aplicáveis a estudos de resultados raros das doenças; Levam períodos longos.

Sem comentários:

Enviar um comentário