ANGINAS
Sebastiao M. Zandamela
ANATOMIA DA FARINGE
A
faringe (Fig. 1) é um tubo muscular
revestido por mucosa que corresponde a um cruzamento entre as vias digestivas e
aéreas superiores. Está situada atrás das cavidades nasais e laringe, sendo
dividida classicamente em:
-Rinofaringe:
das coanas nasais até a altura do palato mole. Nesta região existem acúmulos de
tecido linfóide denominado de vegetações adenóides e o óstio da tuba auditiva
protegido pelo tórus tubáreo.
-Orofaringe:
limita-se entre o bordo posterior com a palato mole e o plano superior da
epiglote, relacionando-se com a segunda e terceira vértebras cervicais
posteriormente. O tecido linfóide desta região é extenso, compreende as
amígdalas palatinas e acúmulos difusos que se estende por toda a região.
-
Hipofaringe:
continua com a orofaringe até a altura da borda
inferior da cartilagem cricóide, onde se continua com o esôfago.
O forro
mucoso da faringe constituído por epitélio cilíndrico ciliado ao nível da
nasofaringe e de epitélio pavimentoso estratificado nas demais regiões, devido a
uma adaptação pela passagem do bolo alimentar.
Figura 1 -
Faringe
FISIOLOGIA DA FARINGE
A
cavidade oral e a faringe apresentam funções que são essenciais para a proteção
das vias aéreas, a digestão de alimentos, gustação, deglutição, respiração e
fonação.
·Proteção:
na faringe se encontra o anel linfático de Waldeyer que é de grande importância
no sistema imunológico, responsável pela grande quantidade de IgA secretor da
região, sendo o primeiro mecanismo de defesa contra agentes agressores da via
aéreo-digestiva.
·Digestão:
a salivação e a mastigação representam a primeira fase da digestão.
·Gustação:
realizada pelas papilas gustativas localizadas na língua, palato duro, pilares
amigdalianos anteriores, parede posterior da faringe e superfície interna da
bochecha.
·Deglutição
(Fig. 2): é dividida em três fases: a
oral, a faringeana e a esofageana. A fase oral é voluntária e durante a
mastigação os alimentos são misturados à saliva. Ao nível da orofaringe o bolo
alimentar é encaminhado à boca do esôfago pela contração da base da língua e dos
músculos constritores da faringe, ao mesmo tempo que o véu palatino alcança a
parede posterior da faringe e a epiglote fecha o orifício superior da laringe.
Figura 2 -
Deglutição
·Respiração:
passagem do ar inspirado e expirado.
·Fonação:
faz parte do complexo de ressonância.
ANEL LINFÁTICO DE WALDEYER
A
faringe abriga um conjunto de formações linfáticas distribuídas em toda sua
extensão denominado de Anel Linfático de Waldeyer, que é de grande
importância para o sistema imune e é sede de várias patologias
otorrinolaringológicas.
O Anel
Linfático de Waldeyer é composto por:
·Tonsilas
Palatinas
(Fig. 3.7): em número par, também
chamadas de amigdalas palatinas. Localizadas na orofaringe, estão encaixadas
entre dois pilares constituídos pelos músculos palato-glosso (pilar anterior) e
palato-faríngeo (pilar posterior). Constitui-se por múltiplos folículos
linfáticos entre os quais se insinua a mucosa de revestimento, formando as
criptas tonsilares. A tonsila palatina é envolta por uma densa cápsula fibrosa
e está separada da parede externa muscular por uma fina camada de tecido
fibroso, sendo esta região local frequente da formação de abscesso
peri-amigdalianos. Existem inúmeros vasos que atingem a tonsila perfurando sua
cápsula fibrosa, e que normalmente se concentram no polo inferior.
·Tonsila
Faríngea
(Fig. 3.15): também chamada de vegetações
adenóides, está localizada na parede superior da rinofaringe. Apresenta sulcos
profundos em sua superfície, de direção paralela ao fluxo de ar, aumentando sua
área de contato.
·Tonsila
Lingual
(Fig. 3.9): conglomerado de folículos
linfáticos na base da língua.
·Tonsilas
Tubáreas
(Fig. 3.2): em número par, localizadas
ao nível do tórus da tuba auditiva na rinofaringe.
·Folículos
Linfóides Isolados
(Fig. 3.13): difusos de forma irregular
em toda mucosa da faringe.
As
tonsilas situam-se na entrada dos tratos respiratório e alimentar e representam
o primeiro contato com grande variedade de antígenos presentes no ar e na
comida. A proteção imunológica imediata ocorre pelo transporte direto do
material estranho de fora para as células linfóides, e está facilitada pelo fato
da tonsila palatina apresentar criptas e a adenóide apresentar sulcos em sua
superfície.
Os
elementos do anel linfático de Waldeyer não apresentam vasos linfáticos
aferentes, assim sendo os microrganismo devem penetrar sua superfície para uma
conveniente resposta imune, quer seja do tipo humoral ou celular.
O
tecido linfático desta região participa de modo importante nos processos de
defesa na infância, geralmente ocorrendo hiperplasia; já na fase adulta ocorre
uma diminuição natural do tamanho.
A
produção local de IgA nesta região é grande e parece ser a responsável pela
maior resistência destes órgãos a infecções locais. Nas tonsilas com inflamação
crônica a produção de IgA é menor. Trabalhos recentes tem demonstrado que as
tonsilas podem produzir IgE, fator importante nos processos de
hiperssensibilidade. As tonsilas tem sido reconhecidas também como produtoras de
interferon gama e de interleucinas.
Figura 3 –
Anel Linfático de Waldeyer
ANGINAS
O termo
angina (“angere”) tem origem latina e significa sufocar. Denomina-se angina a
todo processo inflamatório e infeccioso de ordem local ou geral que acomete a
mucosa da faringe.
As
tonsilas palatinas pela sua localização, são de facilmente identificadas e sua
patologia se mostra claramente ao exame clínico. As afecções das adenóides e
das demais tonsilas, por não estarem na visão direta do examinador, podem ter o
diagnóstico de sua patologia dificultado.
As
anginas são classificadas em agudas e crônicas, e em inespecíficas e
específicas:
As
anginas agudas inespecíficas são:
·
anginas virais
·
anginas bacterianas (eritematosa /
pseudomembranosas / flegmonosas)
·
adenoidite aguda
·
amigdalite lingual
As
anginas agudas específicas mais importantes são:
·
angina diftérica
·
angina fuso-espiralar ou de Plaut-Vicent
·
anginas hemopáticas (leucemia aguda, mononucleose
e agranulocitose)
As
anginas crônicas inespecíficas são:
·
crônica purulenta
·
crônica caseosa
·
crônica hipertrófica
·
adenoidite crônica
As
anginas crônicas especificas são decorrentes da Tuberculose, Blastomicose e Lues.
ANGINAS AGUDAS INESPECÍFICAS
Angina
Viral
Toda a
mucosa a mucosa está hiperemiada, edemaciada e as tonsilas palatinas podem
estar cobertas por exsudato catarral. Geralmente não há pontos purulentos, mas
podem ocorrer. Os vírus mais frequentes são: mixovírus, adenovírus e Coxsakie.
O
paciente pode apresentar febre alta, calafrios, mal-estar, odinofagia, congestão
nasal, rinorréia e tosse. O vírus Coxsakie pode provocar o aparecimento de
vesículas que ao se romperem deixam ulcerações circundadas por zonas de eritema
espalhadas pelo palato, pilares, parede da faringe, lábios , bochechas e língua.
A infecção pelo Coxsakie é também denominada de herpangina.
O
tratamento das anginas virais é sintomático e consiste em colutórios,
analgésicos e antipiréticos.
Angina Bacteriana Eritematosa
(Fig. 4)
São
desencadeadas por flora microbiana que habitualmente estão hospedadas na
faringe. Os agentes mais frequentes são: Estreptococo, Estafilococo, Pneumococo
e Hemófilos.
Toda a
mucosa da faringe está hiperemiada e edemaciada, podendo ao nível das tonsilas
palatinas haver exsudato esbranquiçado ou amarelado. Os pontos purulentos podem
estar limitados às criptas tonsilares (angina eritemato-pultácea). As anginas
podem estar acompanhadas ou serem precedidas de sintomatologia geral como
mal-estar, calafrios, febre alta, mialgias, artropatias e cefaléia. A odinofagia
é intensa com adenopatia cervical associada, podendo ocorrer otalgia reflexa.
Quando de origem estreptocócica (como na escarlatina) a língua apresenta
aspecto moriforme e o palato apresenta pontos hemorrágicos.
O
tratamento é constituído de repouso, analgésicos, antipiréticos e
antimicrobianos (penicilina, amoxacilina, macrolídeos e cefalosporinas) em doses
adequadas e por um período não inferior a sete dias.
Figura 4 –
Amigdalite aguda bacteriana
Angina Bacteriana Pseudomembranosa
Também
chamada de difteróide, apresenta a formação de pseudomembranas de caráter
invasivo sobre os pilares tonsilares. A temperatura é elevada e as membranas se
destacam facilmente, achados que em geral não estão presentes na difteria. Os
agentes causadores são o Estreptococo ou o Pneumococo. O tratamento é semelhante
ao da angina eritematosa.
Angina Bacteriana
Flegmonosa
(Fig. 5)
Os
abscessos tonsilares e peritonsilares são quadros agudos unilaterais bacterianos
que penetram o tecido tonsilar ou atravessam a cápsula peri-tonsilar, atingindo
o espaço entre esta e músculo constritor da faringe. Inicialmente há apenas um
flegmão, onde se observa edema e hiperemia do pilar anterior, localizado no pólo
superior da tonsila palatina, mas posteriormente a tonsila é deslocada para a
região mediana. A sintomatologia é dolorosa com disfagia, trismo e aparecimento
de voz gutural. O tratamento é feito com anti-microbianos e drenagem cirúrgica
do abscesso.
Outra
forma importante de angina flegmonosa é a angina de Ludwig que é uma
celulite gangrenosa dos espaços sublingual e submandibular. Inicia-se por um
foco traumático ou infeccioso da região bucal. A flora bacteriana é variada:
aeróbios, anaeróbios e fuso-espiroquetas. A celulite pode estender pelos planos
das fascias e causar obstrução das vias aéreas superiores. A terapia deve cuidar
de manter a via aérea superior livre e o uso de antimicrobiano deve ser o mais
precoce possível.
Figura 5 –
Abscesso periamigdaleano
Adenoidite Aguda
(Fig. 6)
Processo inflamatório agudo das adenóides frequente em crianças e lactentes. O
quadro clínico é de febre alta, obstrução nasal, tosse e secreção catarral ou
mucopurulenta pelas fossas nasais. evolui em geral por um prazo de oito dias,
mas pode permanecer por algumas semanas acompanhada de febre irregular.
Complicações para o ouvido médio são frequentes. No tratamento além de
antimicrobianos e antipiréticos, deve ser instituídas as lavagens nasais.
Figura 6 –
Adenoidite aguda
Amigdalite Lingual
Localizada na tonsila lingual é entidade rara na criança. A dor à deglutição é
profunda ao nível do osso hióide, com irradiação para os ouvidos. O diagnóstico
é fácil pelo exame da base da língua com o espelho de laringe. O tratamento é
semelhante ao da angina eritematosa e a evolução é benigna no prazo de uma
semana.
ANGINAS
AGUDAS ESPECÍFICAS
Angina Diftérica
(Fig. 7)
O
agente etiológico é o Corinebacterium difteriae; tem caráter
epidemiológico com maior incidência entre o primeiro e sétimo anos de vida.
Felizmente com a vacinação tem-se tornado bem rara. O período de incubação é de
1 a 4 dias. Tem início insidioso, com febre baixa e queda importante do estado
geral. No exame da orofaringe observa-se membrana branco-acinzentadas, que
envolvem as tonsilas, pilares e úvula . A remoção desta membrana deixa um leito
sanguinolento e, classicamente, descreve-se que o exsudato não é solúvel em
água. Surge ingurgitamento linfonodal cervical, albuminúria, pulso rápido,
hipotensão, palidez e adinamia. O diagnóstico é confirmado pelo exame
bacterioscópico direto e cultura das secreções em meio de Klebs-Loeffer.
A
endotoxina tem tropismo cardíaco acarretando arritmia, pelas supra-renais
determinando hipotensão e pelo sistema nervoso, ocasionando paralisia do véu do
paladar, dos músculos visuais e dos membros inferiores. Em casos graves, pode
haver paralisia dos músculos respiratórios, diafragma e mm intercostais.
A
penicilina não age sobre as toxinas liberadas, assim deve ser empregado
soroterapia o mais precocemente possível, de cerca de 50.000 a 100.000 unidades
antitóxicas.
Figura 7 –
Angina diftérica
Angina Fusoespiralar ou de Plaut Vicent
Ocorre
pela associação de dois agentes saprófitas normais da flora oral: o bacilo
fusiforme e o espirilo, que associados são patogênicos. Ocorre em indivíduos com
má higiene oral, dentária e das gengivas, sendo mais frequente em adultos jovens
e adolescentes. Caracteriza-se por disfagia dolorosa unilateral sem febre.
Inicia-se como uma angina comum, aparecendo posteriormente ulceração na amigdala
e formação de pseudomembrana. O diagnóstico se baseia pela unilateralidade e
pela lesões gengivais próximas ao último molar.
O
tratamento consiste em antibioticoterapia (penicilinas ou cefalosporinas),
analgésicos e anti-sépticos orais devido a intensa halitose. A evolução costuma
ser de cinco a sete dias, mesmo com o tratamento correto.
Anginas Hemopáticas
Trata-se da manifestação local de doenças sistêmicas. A angina da leucemia
aguda é acompanhada de estomatite, sangramento e necrose da cavidade oral.
Ocorre edema e infiltração dos tecidos amigdalianos e periamigdalianos,
simulando um flegmão. Há adenopatia cervical com esplenomegalia, vômitos, febre,
diarréia e anorexia. Pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum nos cinco
primeiros anos de vida. O diagnóstico é firmado pelo hemograma, que demonstra
hiperleucocitose (acima de 100.000), presença de formas embrionárias e imaturas
de leucócitos, anemia e plaquetopenia.
A
angina da agranulocitose pode apresentar ulcerações e necrose da mucosa
bucal e faríngea, que pode se apresentar muito pálida. Não há
hemorragia , linfoadenopatia ou esplenomegalia. O quadro geral é
acompanhado de calafrios, febre, astenia e icterícia. O hemograma revela
leucocitopenia acentuada ao lado de neutropenia.
A
angina monocítica (da mononucleose infecciosa) pode simular uma angina
normal, levando ao diagnóstico pelo fato de não melhorar com a
antibioticoterapia convencional. A amigdala está hiperemiada e pode estar
revestida de exsudato psedofibrinoso. Frequente na adolescência, apresenta
intensa adenopatia cervical, axilar, inguinal e mais tardiamente hepatomegalia
e esplenomegalia. A etiologia é desconhecida, parecendo ser causada pelo vírus
de Epstein Barr. O hemograma revela linfocitose, com ou sem monocitose, e
linfócitos atípicos geralmente acima de 10 %. A reação de Paul Bunnel-Davidson e
pesquisa de anticorpos anticápside viral (EB) pode ser utilizado para a
confirmação diagnóstica.
ANGINAS CRÔNICAS INESPECÍFICAS
Angina Crônica Purulenta
Processo inflamatório crônico das tonsilas palatinas, caracterizado por crises
de amigdalite aguda de repetição constatadas pelo médico (mais de quatro por
ano), acompanhadas dos sinais infecciosos. Pode ocorrer adenopatia
linfoadenopatia cervical e a amigdala pode estar hipertrofiada. Devido ao
excesso de infecções pode ocorrer fibrose e estenose das criptas amigdalianas, o
que facilita a retenção de detritos e colônias bacterianas no interior da
amigdala. O tratamento clínico na maioria das vezes não é satisfatório, pois o
uso de vacinas, gamaglobulina e antibioticoterapia não melhora o quadro. O
estudo do estado imunológico do paciente é de muita importância para o
diagnóstico de imunodeficiência.
Angina Crônica Caseosa
As
tonsilas estão sempre cheias de secreção e restos alimentares no interior das
criptas. Este material é chamado de caseum e produz intensa halitose.
Normalmente não causa dor, mas o aspecto social da halitose é um grande
incômodo. O tratamento clínico se baseia na realização de gargarejos diários
para a remoção do caseum. As auto-vacinas e o uso prolongado de sulfas não
melhoram o quadro.
Angina Crônica Hipertrófica
(Fig. 8)
Ocorre
principalmente em crianças e muitas vezes não estão relacionadas com quadro
infeccioso. A respiração torna-se bastante difícil e bucal, acentuando-se em
decúbito dorsal, podendo ocasionar graus variados de apnéia noturna. A apnéia
noturna leva a distúrbios de atenção como irritabilidade e sonolência,e pode
prejudicar o aprendizado. O tonus muscular da face e a postura da língua também
estão anormais, levando a formação de linhas de força com vetores incorretos e
que culminam com deformidades ósseas faciais e dentárias. A obstrução
respiratória pode levar, em casos extremos, a variados graus de hipertensão
pulmonar e cor pulmonale. Também a deglutição de alimentos sólidos fica difícil
e é típica a queixa de que a criança mastiga pedaço de carne atirando fora o
seu “bagaço”. Nestes casos o tratamento cirúrgico é necessário.
Figura 8 – Hipertrofia de amígdalas
Adenoidite Crônica
(Fig. 9)
Os
sintomas de hipertrofia de adenóides são de ordem respiratória: obstrução
nasal, respiração bucal de suplência e a presença de secreções na parede
posterior da faringe e nas fossas nasais. A criança apresenta tendência a
desenvolver otites médias agudas de repetição, otite media crônica secretora,
sinusopatias, resfriados, tosse espasmódica noturna, rouquidão e até laringite
estridulosa. O sono é agitado e a criança apresenta roncos, dorme de boca
aberta, baba no travesseiro e apresenta voz anasalada. A respiração bucal leva
a deformidades faciais: palato ogival e prognatismo da arcada superior. O
diagnóstico da hipertrofia de adenóides se faz pelo quadro clínico, radiografia
do cavum e por naso-fibroscopia.
Figura 9 –
Hipertrofia de adenóides
ANGINAS CRÔNICAS ESPECÍFICAS
São
anginas de agentes específicos. No caso da Lues na fase primária há uma
grande hiperemia e edema duro ao toque daa tonsila palatina e tecidos
subjacentes com ulceração e formação de pseudomembranas, sugerindo o “cancro”
da lesão primária. Na fase secundária, que pode surgir semanas ou poucos meses
após a lesão inicial, aparecem ulcerações rasas e dolorosas que tomam toda a
mucosa oral ou a parede posterior da faringe. Aparece, também, um linfonodo
isolado cervical. Na fase terciária as lesões são destrutivas e predominam
na região do palato mole e faringe, levando a cicatrizes retráteis e
comprometimento da função.
A
Tuberculose de orofaringe é em geral secundária a um processo pulmonar, e
aparecem lesões ulceradas com bordos serrilhados.
A
Blastomicose é dos processo micóticos o mais comum entre nós, e na faringe
encontra-se granulação fina, levemente hemorrágica e com ulcerações.
O
diagnóstico diferencial das lesões é feito através de sorologia, citologia,
cultura, biópsia e radiologia. O tratamento é em geral medicamentoso e
específico para cada patologia.
AIDS
Pela
frequência cada vez maior, vale a pena ressalvar a AIDS como diagnostico
possível em casos de anginas crônicas, ou manifestações faríngeas perenes. As
faringites/amigdalites crônicas ou de repetição podem ser as primeiras
manifestações da síndrome.
As
manifestações orais da infecção pelo vírus HIV são extremamente frequentes e
podem aparecer em qualquer fase da doença, sendo motivo frequente de consulta ao
otorrinolaringologista.
Dependendo da fase da doença, existem várias manifestações orais e mais comuns
são:
-
Candidíase Oral:
achado extremamente comum em pacientes com AIDS acomete toda a cavidade oral
chegando até ao esôfago.
-
Infecções Herpéticas:
atinge de 20% a 40% dos pacientes provocando lesões intra-orais dolorosas,
exsudativas, com bordos hiperemiados e recobertas por uma película amarelada. O
quadro pode persistir por vários meses dificultando a alimentação do paciente.
-
Leucoplasia Pilosa:
placa elevada e leucoplásica localizada no bordo lateral, terço médio ou
posterior da língua. A etiologia parece ser o vírus Epstein-Barr e é uma das
primeiras manifestações da AIDS.
-
Hemorragias Espontâneas:
ocorre principalmente ao nível das gengivas e está associado frequentemente a
uma trombocitopenia.
-
Lesões Neoplásicas:
os linfomas acometem mais a gengiva e a loja amigdaliana, o carcinoma
epidermóide acomete toda a cavidade oral e o sarcoma de Kaposi normalmente
apresenta aspecto plano e vinhoso acometendo toda a cavidade oral.
ADENO
- AMIGDALECTOMIA
Indicações Absolutas de Amigdalectomia
·Formação
de cor pumonale:
por obstrução crônica acentuada das vias respiratórias decorrente da hipertrofia
das amigdalas(tonsilas palatinas) e/ou adenóides.
·Apnéia
Noturna:
decorrente da hipertrofia das amígdalas e/ou adenóides, levando a quadros de
distúrbios de atenção e aprendizado.
·Disfagia:
decorrente da hipertrofia das amígdalas palatinas, levando a perda de peso e mal
desenvolvimento geral.
Indicações Relativas de Amigdalectomia
·Anginas
de repetição:
episódios recorrentes de amigdalites verificadas pelo médico (mais de quatro por
ano), quando afastada imunodeficiência.
·Abcesso
Periamigdaliano:
devido as complicações que um novo quadro pode provocar.
·Febre
Reumática:
quando ocorre dano cardíaco associado a amigdalite crônica e com controle
ineficiente da antibioticoterapia.
·Amigdalite
Caseosa:
pelo aspecto social que a halitose representa para o paciente e quando as
medidas terapêuticas não surtirem efeito.
Indicações de adenoidectomia
·Comprometimento
Otológico:
em decorrência de adenoidite crônica ou hipertrofia de adenóides, nas quais
ocorrem: otites médias recidivantes, otites médias crônicas recidivantes e até
otites médias crônicas supurativas.
·Comprometimento
Rino-sinusal:
pacientes que apresentam rinofaringites e/ou sinusites de repetição em
decorrência de adenoidite crônica
·Obstrução
das Vias Aéreas Superiores:
causada pela hipertrofia das adenóides, podendo ocasionar apnéia obstrutiva e
alterações do crescimento crânio-facial.
Contra-indicações para adeno-amigdalectomia
·Discrasias
Sanguíneas
: pacientes com distúrbios de coagulação.
·Imunodeficiência:
pacientes com deficiência imunológica não devem ser submetidos a cirurgia ,
salvo em casos de obstrução respiratória importante.
·Fenda
Palatina:
ou fenda submucosa do palato mole, pois poderá haver refluxo alimentar para o
nariz devido a incompetência do esfíncter velo-faríngeo.
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