segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

CONDUTA NO ÓBITO INTRA-UTERINO

 CONDUTA NO ÓBITO INTRA-UTERINO

 
1. CONCEITO
Do ponto de vista prático é aquele óbito fetal que ocorre após a 20ª semana de gestação.
 

2. INCIDÊNCIA
Incerp et al. , 1998 – 5 por 1000 partos;
Maslow et al. , 1996 – menos de 1% das prenhezes únicas.
 

3. ETIOLOGIA
Calcula-se que cerca de 50% dos óbitos intra-uterinos são inexplicáveis.
- Causas maternas: síndromes hipertensivas, as hemorragias do 3º trimestre, diabetes;
- Causas fetais: infecções, isoimunização Rh, anomalias congênitas, patologias funiculares
(respondem por 5% dos óbitos intra-uterinos).
 

4. DIAGNÓSTICO CLÍNICO
4.1. ANAMNESE
- Parada dos movimentos fetais;
- Desaparecimento dos sintomas próprios da gestação;
- Diminuição do peso materno, involução das mamas.
 
4.2. EXAME FÍSICO OBSTÉTRICO
- Ausência de batimentos cardíacos fetais;
- Diminuição do volume uterino;
- Não percepção dos movimentos fetais, mesmo após estimulação;
- Útero com consistência amolecida;
- Ao toque, quando existe permeabilidade cervical se observa crepitação dos ossos da abóbada
craniana (Sinal de Negri);
- Líquido amniótico esverdeado ou achocolatado, quando rotas as membranas.
 

5. DIAGNÓSTICO COMPLEMENTAR
5.1. ULTRA-SONOGRAFIA
- Ausência de batimentos cardíacos fetais;
- Perda da clareza do contorno do corpo fetal;
- Irregularidade do contorno do crânio fetal (após 5 a 10 dias do óbito);


6. CONDUTA
a Indica-se a conduta resolutiva imediata, com a internação da paciente e indução do parto
conforme protocolo específico. No parto vaginal, observar os seguintes cuidados:
- Uso liberal de analgésicos e sedativos;
- Quando intactas as membranas, postergar a amniotomia até dilatação superior a 5 cm,
diminuindo assim as chances de infecção;
- Evitar sempre que possível, a amniotomia e o fórceps;
b Operações mutiladoras sobre o feto (craniotomia, cranioclasia, degola e clidotomia) constituem
indicações excepcionais na atualidade).
c A via abdominal pode ser aventada nas seguintes eventualidades:
- Duas ou mais cesáreas anteriores;
- Cesárea corporal ou rotura uterina anterior;
- DPP com evolução para o choque;
- Placenta Prévia com sangramento intenso;
- Desproporção feto-pélvica e monstruosidades.
d Em 75% dos casos de óbito fetal, o trabalho de parto se instala espontaneamente na primeira
semana do óbito, o que fortalece para alguns a possibilidade da conduta expectante por até 4
semanas em alguns casos, salvo na presença de contra-indicações como:
- Descolamento prematuro de placenta (aumenta a incidência de coagulopatia);
- Placenta prévia;
- Apresentação córmica;
- Presença de qualquer patologia que a presença da gravidez ponha em risco o bem estar
materno.
e Caso adotada a conduta expectante, a paciente deve ser avaliada semanalmente, rastreandose
a possibilidade de coagulopatia através da dosagem de TP, e também se avaliando a
presença de maturidade do colo uterino, o que favorece a indução do parto.
 
7. GESTAÇÃO MULTIPLA COM MORTE DE UM DOS GÊMEOS
- Raramente leva a distúrbios da coagulação;
- A conduta adotada irá depender da idade gestacional e das provas de vitalidade fetal;
- Gravidez pré-termo com vitalidade comprometida: promover aceleração da maturação pulmonar
fetal (protocolo específico) e parto;
- Gravidez pré-termo com vitalidade fetal conservada: acompanhar com provas biofísicas e
rastrear coagulopatia, até maturidade.


8. DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA
Não se aplica

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