segunda-feira, 28 de outubro de 2013

•FÁRMACOS ANTIGOTOSOS


FÁRMACOS ANTIGOTOSOS

GOTA 
Doença reumatológica, inflamatória e metabólica geneticamente determinada, em que há aumento da produção de purinas, traduzido por aumento de ácido úrico no sangue (hiperuricémia);
Caracterizada por crises intermitentes de artrite aguda devida à deposição de cristais de urato de sódio (produto do metabolismo das purinas) no tecido sinovial das articulações.

Foi descrita pela primeira vez por Hipócrates no século V a.c.;
É uma afecção comum, ocorrendo de 0,2 a 0,3/1.000 na população geral;
Sua maior incidência ocorre entre os 30-50 anos de idade, com predomínio do sexo masculino (95%);
No sexo feminino ocorre geralmente após a menopausa.


Como resultado dos depósitos de urato:

=resposta inflamatória com activação das cininas, complemento e sistema da plasmina;
=acumulação local de granulócitos neutrófilos:
=.fagocitose dos cristais ® metabolitos tóxicos ® lesão tecidular ® lise das células ® libertação de enzimas proteolíticos.

= Manifestações clínicas
§Artrite inflamatória aguda muito dolorosa, localizada em 90% dos casos no dedo grande do pé.
§Outras articulações, tendinites
§Hiperuricémia assintomática: só cerca de 5% dos doentes com hiperuricémia têm gota.
Os tofos gotosos são agregados de cristais de ácido úrico nas articulações e à volta delas, nos tecidos moles e em vários órgãos.

Mecanismo de acção dos ANTIGOTOSOS
§Inibição da síntese de ácido úrico (alopurinol)
§­ excreção de ácido úrico (agentes uricosúricos:  probenecid, sulfimpirazona)
§Inibição da migração dos leucócitos para as articulações (colchicina)
                           •Alopurinol:
 Mecanismo de acção 
 •O Alopurinol tem estreita semelhança estrutural com a xantina, actuando como substrato da xantina oxidase.
A forma oxidada do alopurinol, conhecida como aloxantina (pró-droga), inibe a xantina oxidase, “congelando” o enzima.
.síntese de ácido úrico através da inibição da xantina oxidase
 ¯ Concentração de uratos: diminui no=Plasma, Tecidos e Urina.

-   ­ concetração de: Xantinas e Hipoxantinas aumenta e sao  modera-damente solúveis no sangue e podem ser filtradas pelo rim, sem deposição de cristais.
Reversão dos deposição de cristais de uratos nos tecidos “tofos” e inibição da formação de cálculos renais

 Farmacocinética
Via de administração: Oral
Boa absorção: tubo GI
Semi-vida: 2-3 horas
Metabolito Aloxantina: semi-vida de 18 – 30 horas (responsável pelos efeitos farmacológicos)
Excreção renal: equilíbrio entre filtração glomerular e reabsorção tubular, sensível ao probenecid

 
Efeitos indesejáveis
§Raros;
§Distúrbios GI;
§Reacções alérgicas (passam c/ suspensão): rash, urticária;
§Síndrome grave potencialmente fatal: febre, disfunção hepática e eosinofilia (ocorre mais frequentemente em doentes com insuf renal e  dose não devidamente ajustada);
§Cefaleias, depressão medular, neuropatia periférica transitória, artralgias, mialgias, hepatomegália reversível e icterícia;
§Crises agudas de gota (na fase inicial do tratamento), nefrolitíase.

 Interacções

Aumento do efeito de:
§Mercaptopurina (antineoplásico) e azatioprina (imunossupressor) por diminuição do metabolismo destes fármacos;
§Ciclofosfamida (antineoplásico): risco aumentado de depressão da medula óssea;
§Tiazidas: podem aumentar a concentração no soro de aloxantina ® ­  toxicidade do halopurinol;
§Anticoagulantes orais (varfarina) ®  inibição do metabolismo e ­ risco de hemorragia.

 Indicações
§Tratamento a longo termo da hiperuricémia primária e secundária.
§Tratamento de manutenção (profilaxia de novas crises)

Contra-indicações
§Crise aguda de gota: não deve ser administrado durante um episódio agudo de gota, visto que a ruptura da homeostasia do urato pode agravar potencialmente ou precipitar crises agudas de artrite gotosa.

 Precauções
Insuficiência  renal e hepática
Terapêutica concomitante com azatioprina ou mercaptopurina
Gravidez e lactação

Agentes uricosúricos

§Excreção de ácido úrico por acção directa sobre os túbulos renais.

§Exº:
Probenecid
Sulfinpirazona
Diuréticos uricosúricos (derivados do ácido etacrínico )

                                         •Probenecid: 

Farmacocinética

Semi-vida: 4-17 horas (dose dependente)
Ligação às proteínas: 90%, principalmente à albumina
Metabolismo hepático
Metabolitos activos e 5-10 % excretado inalterado pelo rim.

 Reacções adversas
Pouco comuns: Cefaleias, náuseas, vómitos;
Raros: anemia aplástica, síndrome nefrótico e necrose hepática;
Reacções de hipersensibilidade: dermatite, prurido, febre e mais raramente anafilaxia.

Interacções medicamentosas
Interfere com a excreção de vários agentes a nível do tubo proximal:
Pode ­ níveis plasmáticos e toxicidade de AINES, sulfonamidas, dapsona, algumas quinolonas, alguns antiretrovirais, furosemida;
diminui excreção da penicilina e outros antibióticos betalactâmicos ® utilisado para ­ níveis plasmáticos destes antibióticos;
AAS e pirazinamida: antagonizam os efeitos uricosúricos do probenecid.

 Indicações
Gota crónica, hiperuricémia; adjunto da penicilina e outros antibióticos betalactâmicos

 Contra-indicações
Urolitíase ou discrasias sanguíneas;
Durante a crise aguda de gota ou 3 semanas após esta.

 Precauções
História de úlcera péptica;
Uso concomitante com penicilina em presença de insuficiência renal
Porfíria.

                        •Colchicina:
 Mecanismo de acção

Impede a migração dos neutrófilos;
Impede a produção de glicoproteína inflamatória pelos neutrófilos que fagocitaram os cristais de uratos.

 Farmacocinética

Via oral
Bem absorvida pelo tracto gastrointestinal
Pico: 1 hora 
Excreção: gastrointestinal e urinária

Efeitos indesejáveis
GI: náuseas, vómitos, dor abdominal, diarreia (dose dependente)
Doses ­ : hemorragia GI, lesão renal
Erupções cutâneas
Anemia megaloblástica
Tratamento prolongado ® discrasias sanguíneas
Reacções severas (geralmente associadas a doença hepática, doses elevadas ou insuf renal) ® depressão medular, neuropatia periférica, insuf hepática

 Interacções
AINES: ­risco de complicações GI e hemorragia;
Fenilbutazona: ­ risco de leucopenia, trombocitopenia e depressão medular;
Ciclofosfamida: seus níveis aumentam;
Eritromicina: aumenta níveis séricos e toxicidade da colchicina;
Varfarina, heparina ou inibidores da agregação plaquetar: ­ risco de hemorragia GI.

Indicações

Alívio da crise aguda;
Fase inicial do tratamento de prevenção (profilaxia de novas crises) associada ao alopurinol.

Contra-indicações: Insuficiência hepática e renal

 Recomendações
Não recomendado para tratamento profiláctico;
Ajustar a dose para evitar diarreia ou outros efeitos adversos.

Conclusões
O alopurinol é utilizado no tratamento da gota crónica, particularmente nos casos provocados pela degradação aumentada de purinas.
Nos pacientes que eliminam mal o ácido úrico pelo rim podem ser usados os uricosúricos que aumentam a excreção renal de uratos, como é o caso do probenecid.
A colchicina está indicada na crise aguda reduzindo a resposta inflamatória à acumulação dos cristais de uratos.

                                              

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