n
n
PATOLOGIA
DA SUPRA RENAL
n GLÂNDULA SUPRA RENAL
nSão 2, localizam-se no polo superior dos rins.
nCada uma delas se compõe de duas glândulas distintas tanto pela
sua origem embrionária
como por sua estrutura histológica e por sua função : o córtex e a medula.
nO córtex supra-renal é de origem mesodérmico e sintetiza hormonas corticoides :
* mineralocorticoides - zona glumerulosa
* cortisol - zona fasciculada
* androgénios - zona reticulada
nQuimicamente são todas esteróides.
nA ausência de cortisol é incompatível com a vida.
nA produção de cortisol e de androgénios (zonas fasciculada e reticulada) é
regulada pelo ACTH.
n GLÂNDULA SUPRA RENAL
nA medula supra-renal é de origem ectodérmica e pertence ao sistema
simpático. A sua função é secretar catecolaminas: adrenalina e noradrenalina.
n
nA ausência de função não é
incompatível para a vida já que pode ser suprida pelo resto
do sistema simpático.
Biosíntese das hormonas corticosuprarenais
mineralocorticoides glucocorticoides androgénios
aldosterona cortisol DHEA, DHEA sulfato +
(
produto final ) ( produto final ) androstendiona
( produtos finais )
§
n GLÂNDULA SUPRA RENAL
Regulação e transporte
HIPOTÁLAMO
CRF
ADENOHIPÓFISE
ACTH
SUPRA-RENAL
CORTISOL + ANDROGÉNIOS
PERIFERIA
n
n GLÂNDULA SUPRA RENAL
nFactor importante : a secrecção de
ACTH e de cortisol não é igual em todas as horas do dia; ela adopta um ritmo circadiano : o seu nível + baixo é à
meia-noite e o + elevado às 8 h.
n75% do cortisol circula ligado a uma proteína específica, a CBG ; 15% ligado à albumina e 10% livre.
na secrecção de mineralocorticoides não depende do eixo hipotálamo-hipofisário,
estando ligada ao metabolismo hidrosalino; os
principais estímulos para a secrecção de mineralocorticoides são a angiotensina II e III
(sistema RAA ) e a hipercaliémia.
n
n GLÂNDULA SUPRA RENAL
Principais efeitos biológicos dos glucocorticoides
nacções metabólicas efeitos indesejáveis
hidratos de
carbono
aumento da gluconeogénese hiperglicémia,
glicosúria
captação de glc pela
célula hiperinsulinismo
2ário
gorduras
aumento da lipólise obesidade
fasciotroncular
amento do glicerol e ác. gordos
proteínas
aumento do catabolismo atrofia e debilidade muscular
síntese do colagénio osteoporose e atraso na cicatrização das feridas
n
n GLÂNDULA SUPRA RENAL
Principais efeitos biológicos dos
glucocorticoides
nacções metabólicas efeitos
indesejáveis
água e electrólitos
aumenta
a retenção de sódio edema
aumenta
a libertação de HAD
sistema vascular periférico
efeito das catecolaminas
produção hepática de HTA
angiotensinogénio
estômago
secrecção gástrica úlcera péptica
acção sobre os processos orgânicos
formação de AC e imunidade celular
mecanismos fagocitários susceptibilidade às infecções
n GLÂNDULA SUPRA RENAL
nPrincipais efeitos biológicos da aldosterona ficam limitados à regulação do metabolismo de
sódio e potássio :
Ø A diminuição da aldosterona leva à perda de sódio e retenção de potássio;
ØO aumento da aldosterona leva à retenção de sódio e perda de potássio;
nPrincipais efeitos biológicos dos
androgénios adrenais têm significados distintos
nos 2 sexos :
Øno homem são efeitos ligeiros porque menos de 5% da testosterona circulante
provém da transformação periférica da androstendiona adrenal;
Øna mulher esta é quase a única fonte de androgénios.
n
n GLÂNDULA SUPRA RENAL
nMedula supra-renal
Øsecreta adrenalina e noradrenalina após o estímulo de
acetilcolina libertada das fibras pré-ganglionares que inervam a medula.
nEfeitos biológicos das
catecolaminas
Øaumentam a F.C. e a contracção miocárdica(B1) ;
vasoconstrição periférica (alfa)
ØHTA ; aumenta o nível da glicémia
( por da produção hepática e da
utilização periférica ).
n
n HIPERFUNÇÃO DO CORTÉX S.R.
CLASSIFICAÇÃO
nHiperfunção Glucocorticoidea
Síndrome de Cushing
nHiperfunção mineralocorticoidea
Hiperaldosteronismo 1ário
Hiperaldosteronismo 2ário
nHiperfunção androgénica ou Síndrome adrenogenital
nHiperfunção estrogénica
n
n SÍNDROME DE CUSHING
nDEFINIÇÃO : desordem metabólica que resulta da excessiva secrecção de
cortisol pelo córtex SR e que afecta o metabolismo de HC, proteínas e lípidos.
nCAUSAS :
ØI . HIPERPLASIA DA
S.R.
2ária à hiperprodução hipofisária de ACTH
* disfunção hipotálamo-hipofisária
* adenomas produtores de ACTH
2ária a tumores não endócrinos produtores de ACTH ou CRH
ØII . HIPERPLASIA
NODULAR S.R.
ØIII . NEOPLASIA S.R.
*
adenoma ; * carcinoma
ØIV . CAUSAS EXÓGENAS IATROGÉNICAS
* administração prolongada de glucocorticoides
NOTA : Terapia
com glucocorticoides é a causa mais comum do Síndrome de Cushing.
n SÍNDROME DE CUSHING
nSÍNDROME DE
CUSHING ENDÓGENO
É consequência de 3 processos patológicos distintos :
Ø1. Doença de Cushing (68-80%) : devido a um microadenoma da hipófise que
produz quantidades excessivas de ACTH
Ø2. Síndrome de Cushing supra-renal (17%) : resulta da produção autónoma de cortisol por
um tumor da supra-renal
(adenoma, Ca). Está associado à supressão de ACTH.
Ø3. Síndrome de Cushing ectópico
(15%) : resulta da produção autónoma de ACTH por neoplasias extra-hipofisárias. Há elevação marcada de ACTH plasmática (pulmão, pâncreas, timo, próstata).
n
n SÍNDROME DE CUSHING
CRH CRH CRH
n
ACTH ACTH ACTH
CORTISOL CORTISOL CORTISOL
ACTH
NEOPLASIA
1ária PRODUÇÃO DOENÇA DE
DA S.R. ECTÓPICA DE ACTH CUSHING
NOTA : das causas endógenas a Doença de Cushing é a
mais frequente
n
n SÍNDROME DE CUSHING
QUADRO
CLÍNICO
Øhábito constitucional característico ( face em
"lua cheia" ) - 97% ;
Øaumento do peso corporal ( obesidade faciotroncular )- 94%;
Øfadiga e debilidade - 87% ;
ØHTA - 82% ;
Øhirsutismo – 80 % ;
Øamenorreia - 77% ;
Øestrias cutâneas - 67% ;
Ødistúrbios psiquiátricos - 66% ;
Øequimoses - 65% ;
Øedemas - 62% ;
Øoutros : miopatia proximal, intolerância à Glc, acne,
osteoporose, infecções
cutâneas por fungos
Ø
n SÍNDROME DE CUSHING
nDIAGNÓSTICO
A abordagem diagnóstica dos doentes com suspeita de Síndrome de Cushing consiste em 2 fases :
ØA. estabelecer a presença de hipercortisolismo
ØB. diferenciar a causa do Síndrome de Cushing
A. Estabelecer a
presença de hipercortisolismo
ØTeste de supressão com Dexametazona
Método : Dar Dexametazona às 23 h, 1 mg oral, e medir o cortisol plasmático às 8 h do dia seguinte.
Interpretação :
cortisol
plasmático > a 10ug/dl indica hipercortisolismo - supressão neg.
cortisol
plasmático < a 5 ug/dl exclui hipercortisolismo - supressão pos.
Ø
Ø
n
n SÍNDROME DE CUSHING
ØDeterminações basais de esteróides na urina de 24 h
Indica hipercortisolismo :
ü 1.excrecção de cortisol
livre aumentada (existe excelente
correlação entre o cortisol livre no plasma e o cortisol livre na urina) ;
ü2. excrecção de
17-hidroxicorticoide (metabólito de cortisol)
ü
ØMedição do cortisol plasmático
Em situações normais :
üos níveis de cortisol
plasmático são mais elevados entre as 6 e as 8 h os valores diminuem para menos
de 50-80% entre as 22 e as 24 h.
üesta variação desaparece
precocemente no curso da doença em quase todos os doentes.
üMétodo :cateterizar uma veia e colher amostras de sangue
de 30-30 min. Entre as 6-8 h e as 22-24 h
üInterpretação :
valores normais : 8-12
h 5.0-25.0 ug/dl
20-8 h 0-10 ug/dl
ü
n SÍNDROME DE CUSHING
nB. diferenciar a causa do Síndrome de Cushing
Ø1. Teste de Dexametazona com doses elevadas
Distingue o Síndrome de Cushing hipofisário de outras causas (ectópico e supra-renal )
Método : coleccionar urina de 24h para 17-OHCS
* Dia 1 - administrar Dexametazona 2 mg de 6-6 h. Coleccionar urina de 24 h para 17-OHCS.
* Dia 2 - administrar Dexametazona mesma dose. Coleccionar urina de 24 h
para 17-OHCS.
Interpretação :
*
supressão > 50% de 17-OHCS urinário
(dos valores basais) no dia 2 indica Síndrome de Cushing de origem hipofisária.
*
falência de supressão indica Síndrome de Cushing S.R ou ectópico.
n
n SÍNDROME DE CUSHING
Ø2. Medição do ACTH plasmático (valores normais - 6-76 pg/ml)
* Sínd. de Cushing ectópico ACTH muito elevado
* Sínd.
de Cushing hipofisário ACTH ligeira/ elevado
* Sínd.
de Cushing supra-renal ACTH diminuido
n
n SÍNDROME DE CUSHING
SUSPEITA DO SÍND. DE CUSHING
•
1. Teste de supressão com dexametazona
com doses baixas
• 2. Medição do cortisol urinário
•
ANORMAL NORMAL
•Medição do ACTH plasmático
•Teste de supressão c/ dexametazona (doses altas)
ACTH ACTH ACTH
Sem supressão sem supressão
supressão < 50%
TUMOR DA SR PRODUÇÃO ECTÓPICA DOENÇA DE CUSHING
ACTH
n SÍNDROME DE CUSHING
nLOCALIZAÇÃO DA LESÃO
ØSínd. de Cushing hipofisário :
* Rx da cela turca (10-15%)
* TAC CE (85% dos microadenomas)
ØSínd. de Cushing supra-renal :
* TAC da supra-renal ;
* ecografia abdominal
* RM
(complementa o TAC)
Ø Sínd. de Cushing ectópico :
* Rx do tórax ;
* TAC e RM
n
n SÍNDROME DE CUSHING
nTRATAMENTO
ØA. DOENÇA DE CUSHING
*
Hipofisectomia transesfenoidal
* Remoção
selectiva do microadenoma
*
Irradiação da Hipófise : nos adultos a remissão é de apenas 20%
ØB. SÍND. DE CUSHING SUPRA-RENAL
* Remoção cirúrgica dos adenomas e Ca
* Se Ca é
não operável ou como TTo adicional pode usar-se Mitotane
ØC. SÍND. DE CUSHING ECTÓPICO
* Remoção
do tumor que produz ACTH (tto de escolha)
*
Inibidores enzimáticos para reduzir o hipercortisolismo : Metirapone,
Aminoglutetimida.
n
n HIPERFUNÇÃO
MINERALOCORTICOIDE
nHIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO
Øprocesso caracterizado por excessiva secrecção de aldosterona pelo córtex supra-renal, relacionado com uma alteração primária da
glândula.
Øcursa com diminuição da renina plasmática, ao contrário do que
acontece com o hiperaldosteronismo 2ário à secrecção aumentada de renina.
Øa expressão clínica do transtorno consiste no aparecimento de HTA volume-dependente.
Øcalcula-se que a incidência desta doença entre a população hipertensa
oscila ao redor de 1%.
Ø
n HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO
nCLASSIFICAÇÃO
n1. Adenoma solitário ou Síndrome
de Conn - (60-70%) : é a forma mais
frequente da afecção.
n2. Hiperplasia micro ou macronodular bilateral - (15-30%) : consiste na hiperplasia da zona glumerulosa com
aparecimento de nódulos. Manifestações clínicas menos intensas que no caso de
adenoma.
n3. Hiperaldosteronismo sensível
aos glucocorticoides - forma rara cujo quadro
clínico remite com o tto com glucocorticoides.
n4. Outras formas - Hiperaldosteronismo produzido por Ca da S.R;
- forma familiar - em crianças e jovens
n
n HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO
nESQUEMA DA FISIOPATOLOGIA
n
Fracasso de retro Secrecção autónoma
regulação negativa de aldosterona
(mantem-se produção de
aldosterona)
angiotensina II Na K
actividade RP
n HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO
nQUADRO CLÍNICO
ØHTA volume dependente : cefaleias, retinopatia, cardiomegália -
Ødebilidade muscular, paralisia intermitente (devido à hipocaliémia)
Øparestesias, cãibras musculares, tetania (devido à alcalose metabólica)
Øpoliúria, polidipsia (perda de capacidade de concentração-Nefropatia
tubular)
nDADOS LABORATORIAIS
ØHipocaliémia (cifras inferiores a 3 mEq/l)
ØHipernatrémia
Øalcalose metabólica
Øincapacidade de concentrar a urina 2ária à tubulopatia hipocaliémica
n
n HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO
nDIAGNÓSTICO
ØSuspeita clínica : presença de HTA que cursa com hipocaliémia
(importante
diferenciar com hipertensos em tto com diuréticos eliminadores de K ).
nTestes de confirmação
diagnóstica :
ØDeterminar a actividade da renina
plasmática (ARP)
Método :
estabelecer
uma dieta em 3 dias que contenha só 10 mEq /d de sódio.
realizar
uma amostra de sangue p/ determinar a RP ao 3º dia.
Interpretação :
na
ausência de hiperaldosteronismo 1ário a ARP se duplica ou triplica.
no doente
com hiperaldosteronismo 1ário não se modifica.
n
n HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO
ØDeterminação dos níveis
plasmáticos e urinários de aldosterona
Método: Para avaliar adequadamente estas determinações
deve assegurar-se que a ingestão de sódio não seja inferior a 120 mEq /d.
Interpretação: no hiperaldosteronismo 1ário, independentemente do tipo :
a
eliminação é > a 17 ug /dl
a aldosteronémia basal é > a 12 ng /dl
•
ØProvas morfológicas para
confirmação de neoplasia
TAC abdominal (diagnóstica 80% dos casos)
Gamagrafia
S.R : a glândula afectada é + activa que a contralateral
n
n HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO
nTRATAMENTO
ØSíndrome de Conn (adenoma solitário) : cirúrgico.
A supra-renalectomia unilateral consegue corrigir o hiperaldosteronismo, mas a remissão da HTA só se consegue em 70% dos casos.
Ø Hiperplasia nodular : responde mal ao tto
cirúrgico.
Tratamento médico : é
obrigatório realizar uma prova terapêutica com dexametazona para demonstrar a possível
existência de hiperaldosteronismo sensível aos glucocorticoides :
Método : administrar 0.5 mg de dexametazona 6-6 h
durante 2 semanas :
Resposta positiva (embora infrequente): estes
doentes podem ser controlados com
glucocorticoides
Resposta negativa : administração definitiva
de espironalactona (fármaco competitivo da aldosterona): 25-100 mg
8-8 h
•
n
n HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO
nEfeitos secundários à administração prolongada da
espironalactona : efeitos anti-androgénicos
como ginecomastia, diminuição da líbido, impotência sexual.
n
ØCa da supra-renal : remoção cirúrgica ; tto médico paleativo se há
metástases.
n
n HIPERALDOSTERONISMO SECUNDÁRIO
DEFINIÇÃO : excesso de produção de
aldosterona secundária a processos extra-suprarenais.
Øhá uma estimulação excessiva do córtex S.R pela angiotensina II ;
Øcursa com aumento da actividade da RP e depende de processos que produzem
redução do volume intra-vascular (o aumento da aldosterona leva à recuperação
deste volume e restabelece o equilíbrio);
ØA denominação de hiperaldosteronismo 2ário reserva-se para as situações em que os
mecanismos compensadores (de perda do volume intra-vascular) se excedem e perdem a sua finalidade
homeostática.
n
n HIPERALDOSTERONISMO SECUNDÁRIO
nESQUEMA DA FISIOPATOLOGIA
Aldosterona
Na
fracasso da regulação
angiotensina II redução do vol. intravascular
ARP
n
n HIPERALDOSTERONISMO SECUNDÁRIO
nPRINCIPAIS
PROCESSOS QUE PODEM ORIGINAR :
ØProcessos que cursam com edemas (passagem
da Na e água para o espaço extra-celular leva à
do volume intravascular constitui um estímulo fisiológico para a secrecção de
aldosterona) :
- síndrome nefrótico; - cirrose hepática com ascite
- edema cíclico idiopático ; - Ins. cardíaca congestiva
ØProcessos que cursam com HTA
renina-dependente
- estenose da artéria renal
- tumores renais secretores de renina; -
diversas nefropatias
- coartação da aorta; - HT maligna
- terapêutica estrogénica
Ø Síndrome de Bartter (hiperplasia do aparelho justaglomerular c/ aumento da síntese de renina e angiotensina II).
n
SÍNDROMES HIPERANDROGÉNICOS
SÍNDROMES HIPERANDROGÉNICOS
ØSão causados por uma produção excessiva de DHEA e androstendiona que se transforma em testosterona nos tecidos extra-glandulares.
ØO aumento de androgénios de origem
SR pode ser isolado (se a alteração é única) ou
"misto" (se se acompanha do aumento de outras
hormonas do córtex) .
Sinais
e Sintomas
ØClassificam-se em 4 categorias :
§hirsutismo : crescimento aumentado do pêlo em
mulheres e com distribuição masculina
§oligomenorreia
§acne
§virilização : inclui clitoromegália, calvice,
engrossamento do pêlo, voz
rouca, hirsutismo, perda de contornos femininos
Ø
n
n SÍNDROMES HIPERANDROGÉNICOS
nEtiologia
ØCongénita (hiperplasia)
- surge por defeitos enzimáticos totais ou parciais.
É o transtorno SR + frequente na infância.
Associa-se a uma diminuição da produção de glucocorticoides.
Os déficits parciais manifestam-se depois da adolescência, especial/
com hirsutismo, oligomenorreia e sinais mínimos de virilização, na mulher.
üOs déficits totais manifestam-se com virilização no momento do nascimento:genitais externos ambíguos (pseudohermafroditismo feminino) no sexo feminino e o aumento do
tamanho dos genitais no sexo masculino.
o
ØAdquirida : adenoma, carcinoma .
n
n SÍNDROMES HIPERANDROGÉNICOS
nDIAGNÓSTICO
Considerar hiperplasia congénita em crianças
pequenas com :
- atraso de desenvolvimento
- episódios de insuficiência SR aguda
- perda de sal
A confirmação é feita ao demonstrar-se :
- hipertrofia do clítoris, fusão dos lábios
genitais ou do seio urogenital - precocidade isosexual
n
n SÍNDROMES HIPERANDROGÉNICOS
nDIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
As causas de hirsutismo se
classificam em 4 amplas categorias :
Øfamiliar não se acompanham de outros
sinais de hiperandrogenismo
ØIdiopática (oligomenorreia, acne ou virilização)
Øpor excesso de androgénios (causa suprarrenal)
Øpor fármacos (como fenitiazinas, minoxidil e difenilhidantoína)
ØNa mulher é ainda importante descartar uma causa ovárica :
* ovários poliquísticos - associam-se + a hirsutismo que a virilização
* tumores
produtores de testosterona - associam-se a virilização
nTRATAMENTO
ØDa hiperplasia congénita - administração diária de glucocorticoides para
suprimir a secrecção de ACTH pela hipófise.
ØDos adenomas e carcinomas - remoção cirúrgica ou tto paleativo
n
n HIPOFUNÇÃO DO CÓRTEX SUPRA-RENAL
ØDivide-se em duas grandes
categorias :
§incapacidade primária das glândulas SR (Dça de Addison)
§insuf. 2ária à falta de secrecção da ACTH
nI. DOENÇA DE ADDISON
ØDeve-se à destruição progressiva e global do córtex SR.
ØPara que apareçam os sinais de insuficiência é necessário que se destrua +
de 90% das glândulas.
ØSurge em qualquer idade e atinge ambos os sexos
ETIOLOGIA :
Ødoenças granulomatosas crónicas (tuberculose, histoplasmose e criptococose),CMV,
MAIC, sarcoma kaposi.
Øatrofia idiopática de mecanismo auto-imune.
Øa suspeita clínica de insuf. SR deve ser alta nos doentes
com SIDA. As manifestações clínicas nestes doentes não
são frequentes.
Ø
Ø
nHIPOFUNÇÃO DO
CÓRTEX SUPRA-RENAL
nSinais e Sintomas
Øalterações gerais :
astenia, anoréxia, perda de peso.
Øpele e mucosas :
hiperpigmentação (+ na face e dorso das mãos).
pilosidade axilar e pubiana diminuidas.
Øaparelho circulatório :
hipotensão arterial, do vol.
plasmático, e do DC
aparelho digestivo : nauseas, vómitos,
diarreia, dor abdominal difusa
Øsistema nervoso :
alterações da personalidade com irritabilidade e inquitude excessivas, síndrome depressivo e
estados confusionais, síncope.
n
n HIPOFUNÇÃO DO CÓRTEX SUPRA-RENAL
nPrincipais alterações associadas
ao déficit de aldosterona
Øpor perda excessiva de sódio
hiponatrémia, diminuição do líquido extra-celular, hipovolémia
hipotensão arterial, síncope postural,
diminuição do débito cardíaco, astenia, perda de peso.
Øpor diminuição da eliminação
renal de potássio
hiperpotassémia
debilidade muscular
n
n HIPOFUNÇÃO DO CÓRTEX SUPRA-RENAL
nDADOS LABORATORIAIS
Øhiponatrémia, hipercaliémia
Ødiminuição do cortisol e aumento do ACTH plasmático e urinário
Ø
nTRATAMENTO
ØConsiste na administração correcta de hormonas corticosupra-renais que as glândulas não podem secretar :
Øa cortisona (25-37 mg/d) é a base do tratamento (pode ser
substituída pelo cortisol (20-30 mg/d) ou prednisona ( 5-7.5 mg/d ).
Øpara substituição do componente mineralocorticoide deve administrar-se um suplemento hormonal de fludrocortisona (0.05 a 0.1 mg via oral).
Øo tto de
substituição com mineralocorticoides controla-se medindo a TA (que normaliza) e os electrólitos
séricos (ureia, creat, Na e K).
n
n
n HIPOFUNÇÃO DO CÓRTEX SUPRA-RENAL
nInsuficiência
corticosuprarrenal 2ária
Øé causada pelo déficit hipofisário de ACTH
habitualmente é parte integrante do
hipopanpituitarismo (Síndrome de Sheehan).
Ødistingue-se da doença de Addison pelas seguintes características :
* ausência de hiperpigmentação cutâneomucosa
* conservação da função mineralocorticoide
* presença de alteração de outras hormonas adenohipofisárias (com hipofunção tiroidea e gonadal )
n HIPOFUNÇÃO DO CÓRTEX SUPRA-RENAL
nINSUFICIÊNCIA CORTICOSUPRARRENAL AGUDA (Crise addisoniana)
ØÉ uma falência global e súbita da função do córtex supra-renal.
pode
surgir num doente com Ins. SR crónica 1ária ou 2ária, quando sujeito a uma
situação de stress como cirúrgia, traumatismo grave ou doença aguda.
ØNestas situações há necessidade aumentada de glucocorticoides.
ØEm doentes sem
patologia anterior das SR :
* adultos - enfarto hemorrágico adrenal bilateral ( por
transtornos da coagulação ou tto anti-coagulante ), - suspensão brusca de esteróides em
doentes c/ atrofia SR 2ária à administração crónica de esteróides
*crianças - septicémia por pseudomonas ou meningococémia (Síndrome de Waterhouse Friderichsen )
Øos doentes apresentam náuseas, vómitos e dor abdominal intensas, letargia
marcada que evolui para sonolência e shock hipovolémico.
n
n HIPOFUNÇÃO DO CÓRTEX SUPRA-RENAL
ØO
tratamento consiste em restaurar o déficit de
glucocorticoides, de sódio e de água :
* 100 mg
de cortisol EV de imediato, seguido de cortisol em infusão
contínua - 10 mg/h.
* correcção da
desidratação com solução salina isotónica.
O tto com
suplementos de mineralocorticoides só são necessários quando se passam os
glucocorticoides para dose de manutenção.
n
n HIPERFUNÇÃO DA MEDULA SUPRARRENAL
nFEOCROMOCITOMA
Øé um tumor pouco frequente, caracterizado pela produção e libertação
excessiva para a circulação de catecolaminas (pelas células cromafins). A
incidência é maior entre os 20 e os 60 anos e atinge ambos os sexos.
Øem redor de 10% se comportam como malignos ; 80% são únicos e localizados na suprarrenal,
10% bilaterais, e 10% são de localização extra-adrenal.
Øa causa é desconhecida ; em alguns
casos forma parte da NEM tipo II (onde o feocromocitoma se associa ao Ca
medular da tiroide e ao hiperparatiroidismo).
Øa patogenia consiste na ligação das catecolaminas libertadas (adrenalina e
noradrenalina) aos receptores alfa e B.
n
n HIPERFUNÇÃO DA MEDULA SUPRARRENAL
nQUADRO CLÍNICO
ØHTA (pelo efeito da
noradrenalina ao ligar-se aos receptores adrenérgicos)
* mantida - 60% (tendo metade crises
paroxísticas associdas)
*
paroxística - 40%
ØCefaleias, sudorese profusa, palpitações e sensação de angústia,
caracterizam as crises paroxísticas
ØManifestações cardíacas : taquicardia, arritmias supraventriculares, ESV, lesões isquémicas (por aumento
do consumo do O2 pelo miocárdio)
ØAlterações metabólicas (efeito da adrenalina sobre os receptores B) :
*
intolerância à glc
* perda
de peso (por aumento do metabolismo basal)
n
n HIPERFUNÇÃO DA MEDULA SUPRARRENAL
nDIAGNÓSTICO
nI . Métodos de confirmação diagnóstica
Ødeterminação na urina de 24 h das catecolaminas
totais ou ácido vanilmandélico
(também se podem determinar as catecolaminas fraccionadas : adrenalina e NA ).
*
catecolaminas totais 100 ug ( adrenalina - 20 ; NA - 80 )
* ácido
vanilmandélico 7 mg
Ødeterminação das catecolaminas plasmáticas (aplicação muito limitada) > 2000 pg/ml
sugere o diagnóstico
nII. Meios de diagnóstico para localização do feocromocitoma
*
ecografia e TAC abdominal; * aortografia abdominal (descartar
tumor abdominal de localização extra-adrenal );* gamagrafia SR.
n
n HIPERFUNÇÃO DA MEDULA SUPRARRENAL
nPROGNÓSTICO
Øsem tto o
prognóstico é reservado. Os doentes morrem das complicações da HTA ( encefalopatia, ACV, I.Renal, EAP .... )
Øa sobrevivência após remoção cirúrgica do tumor benigno é de 95% ao fim de
5 anos ; do tumor maligno é inferior a 50% no mesmo período.
nTRATAMENTO
Øo tto
curativo único é a extirpação cirúrgica.
Øa anteceder a intervenção deve fazer-se um bloqueio alfa-adrenérgico com fenoxibenzamina : 10 mg 12-12 h até ao controle da TA (início 10-14 dias antes da
operação).
Øo bloqueio B-adrenérgico deve iniciar-se quando surge a taquicardia como
consequência do bloqueio alfa ou quando surgem arritmias induzidas pela grande
quantidade de catacolaminas em circulação (propanolol - 40 mg/d).
Ø
n
n
n
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